IPCA
0,46 Jul.2024
Topo

Emprego na indústria não acompanha crescimento da economia

Carlos Iavelberg, em São Paulo

11/06/2010 09h16

O forte crescimento da economia brasileira neste ano fez com que a indústria voltasse a contratar, mas para alguns especialistas a oferta de empregos não tem acompanhado o ritmo dessa retomada.

Nesta sexta, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou que o emprego na indústria brasileira cresceu 3,3% em abril, na comparação com o mesmo mês de 2009. Esta é a maior variação, na comparação anualizada, desde fevereiro de 2008, quando o avanço havia sido de 3,5%.

Em relação ao mesmo mês do ano passado, houve alta de 3,3%. No ano, o emprego no setor acumulou alta de 1,3%.

Para o professor do Departamento de Economia da PUC-SP Antônio Correa de Lacerda, o índice de desemprego no Brasil ainda é alto, embora esteja nos níveis mais baixos dos últimos anos.

No caso da indústria, Lacerda aponta a valorização do real ante o dólar como o principal vilão. “O câmbio tem favorecido as importações e prejudicado as exportações. Por conta disso, o nível de crescimento do emprego na indústria não consegue acompanhar o crescimento da economia brasileira”, afirma.

De acordo com o professor, porém, o setor industrial ainda é o que gera os empregos mais bem remunerados no país.

Outro problema apontado pelos especialistas ouvidos pelo UOL Economia é a falta crônica de mão de obra especializada.

“O Brasil não tem histórico de um volume grande e constante de produção industrial para precisar de mão de obra especializada. Ficamos 25 anos sem crescer. Quando a gente crescia, era para os lados. Agora, com o crescimento forte da economia, a indústria precisa dessa mão de obra especializada, mas não temos esses profissionais”, explica André Rebelo, gerente do departamento de economia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp)

Segundo Flávio Castelo Branco, gerente-executivo de políticas econômicas da CNI, as próprias indústrias têm tentado compensar essa falta de qualificação de parte de seus funcionários.

“Com o desenvolvimento de novas tecnologias, cada vez mais a indústria necessita de profissionais muito especializados. Isso faz com que parte da formação fique a cargo da própria empresa”, afirma Branco.

De acordo com o economista, o setor industrial ainda não conseguiu fazer um mapeamento amplo das áreas que mais necessitam de funcionários, mas a procura por engenheiros é a mais comentada no setor.

Segundo Luiz Pagnez, diretor do site Emprego Certo, as profissões mais ofertadas pelas indústrias de pequeno e médio porte na página web são: auxiliar de produção, soldador, mecânico de manutenção e eletricista de manutenção.