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Operações do Brasil com exterior têm saldo negativo recorde em janeiro

Do UOL, em São Paulo

23/02/2012 10h49Atualizada em 23/02/2012 11h43

O Brasil registrou em janeiro um saldo negativo de US$ 7,086 bilhões nas transações correntes -que são as operações do país com o exterior, incluindo gastos com viagens internacionais, entre outros. O resultado é o pior já registrado desde o início da série histórica, iniciada em 1947. A informação foi divulgada pelo Banco Central nesta quinta-feira (23).

Economistas consultados pela Reuters previam um deficit de US$ 6,950 bilhões no mês passado.

No acumulado em 12 meses encerrados em janeiro, esse saldo negativo representa 2,17% do Produto Interno Bruto (PIB).

O BC informou ainda que os investimentos estrangeiros diretos no país somaram US$ 5,433 bilhões em janeiro,  insuficientes para cobrir o rombo da conta corrente no mês passado.

"Há uma tendência de ampliação do deficit que reflete o crescimento da economia e, portanto, a maior demanda por parte de brasileiro por bens e servicos do exterior seja para consumo, para bens de capital ou investimento", afirmou o chefe do departamento Econômico do BC, Tulio Maciel. 

As despesas com viagens internacionais tiveram saldo negativo de US$ 1,335 bilhão em janeiro passado, enquanto que as remessas de lucros e dividendos ficaram negativas em US$ 981 milhões no período.

Em janeiro de 2011, essas contas haviam mostrado saldo negativo de US$ 1,177 bilhão  e US$ 1,879 bilhão, respectivamente. 

A despesa com juros ficou negativa em US$ 1,627 bilhão, contra um deficit de US$ 1,879 bilhão em janeiro de 2011.

No mês passado, o investimento de estrangeiros em ações negociadas no país atingiu US$ 4,291 bilhões, contra US$ 732 milhões de um ano antes. Títulos em renda fixa negociados no país ficaram positivos em US$ 555 milhões, contra um deficit de US$ 470 milhões no mesmo período do ano passado. 

Compensação

No mês passado, o BC previa que o deficit em conta corrente do país ficaria em US$ 6,7 bilhões em janeiro, quase 50% superior ao IED esperado para o período, de US$ 4,5 bilhões. 

O descasamento deve ser a regra neste ano, com o IED não conseguindo financiar o deficit em conta corrente integralmente. Para este ano, a autoridade monetária prevê que o investimento produtivo de for a somará US$ 50 bilhões, enquanto que o deficit em conta corrente ficará em US$ 65 bilhões. 

As remessas de lucros e dividendos feitas por multinacionais instaladas no país têm sido uma das principais razões para o rombo nas contas externas brasileiras. Em dezembro, por exemplo, as remessas somaram US$ 4,741 bilhões, chegando a US$ 38,166 bilhões em 2011 todo.

Com isso, o país fechou dezembro com deficit em transações correntes de US$ 6,040 bilhões, sendo que, no ano passado todo, o rombo atingiu US$ 52,612 bilhões, contra US$ 47,323 bilhões em 2010. Apesar do salto, os investimentos produtivos foram suficientes para cobrir o déficit no período.  

(Com informações da Reuters)