Micro e pequenas empresas se unem para enfrentar as grandes
Para ganhar mercado e se tornarem competitivos diante das grandes empresas, micros e pequenos empresários já perceberam a necessidade de fazer alianças. Atividades complementares e até mesmo concorrentes podem se unir e ganhar forças para dar impulso aos negócios.
Algumas das formas mais comuns de estreitar laços entre empresas são participar de associações, centrais de compras e cooperativas.
Mas, também é possível unificar processos em uniões mais complexas, como nas fusões entre duas ou mais empresas, que deixam de existir e formam uma nova marca. É o caso da Fazenda Marinha Atlântico Sul, em Florianópolis (SC), que nasceu da junção de três microempresas.
Empresários podem se unir sem perder individualidade
A forma mais simples de empresas unirem forças são as centrais de compras, que se trata de um acordo em que elas fazem pedidos unificados aos fornecedores para conseguir descontos em compras por atacado.
Outra opção são as associações, que não possuem fins lucrativos e possibilitam maior visibilidade dos associados no mercado. A Acavitis (Associação Catarinense de Produtores de Vinhos Finos de Altitude) foi criada por dez empresários e vem transformando a região de São Joaquim (SC) em um polo vitivinícola.
Trabalhadores autônomos podem optar pelas cooperativas, normalmente formada por pessoas físicas, sem fins lucrativos. Nesta modalidade, é eleita uma diretoria que passa a intermediar os negócios com clientes e fornecedores para todos os cooperados. Porém, o lucro de cada um varia conforme sua produção.
O consultor do Sebrae-SP Paulo Melchor afirma que em todas as uniões é possível conseguir descontos, competitividade no mercado e melhoria na tomada de decisões, mas é preciso haver comprometimento entre os empresários.
“Trabalhar em grupo é complicado. A relação sofre um desgaste natural e um sócio joga a culpa no outro. É preciso ter consciência de que unidas as empresas têm mais condições de buscar novos mercados e evoluir.”
Fusão deve ser passo planejado
O tipo mais complexo de união de forças entre empresas é a fusão. Segundo José Carlos Ignácio, diretor da JCI Acquisition, consultoria especializada em fusão e aquisição de negócios, o acordo que une as operações entre duas ou mais empresas aumenta o poder de negociação com fornecedores e a variedade produtos, além de reduzir custos com funções repetidas.
“Alguns cargos costumam ser eliminados. A empresa não vai precisar de dois contadores ou dois profissionais para cuidar do financeiro”, afirma.
Ignácio diz que a fusão é um passo estratégico e precisa ser planejado. Quando o crescimento individual e a capacidade gerencial do empresário estão esgotados, pode ser um bom momento para unir forças e ganhar um fôlego no mercado.
“Mais importante do que o momento certo é que a fusão seja um passo com planejamento e não uma oportunidade. Quando é pensada, tende a dar mais certo.”
Muitas vezes, as empresas se fundem em um processo de incorporação, ou seja, apenas uma das empresas permanece no mercado e as demais são absorvidas por ela. Isso evita a burocracia para abertura de uma nova empresa e agiliza o início das atividades.
União de empresas deve ser criteriosa
O advogado especialista em direito empresarial Ricardo Dosso alerta que a união de empresas pode ter riscos, como a perda de autonomia do empresário, divisão de lucros entre os sócios e absorção de problemas da empresa parceira.
O processo de união de empresas deve ser criterioso. Devem ser preparados um Memorando de Empreendimentos com as condições gerais do negócio (nome, sede, participação dos sócios e prazo para concretização da nova empresa) e um Acordo de Confidencialidade, que garante que estas informações não serão utilizadas com outros fins.
Também há a necessidade de que as empresas envolvidas na negociação passem por auditorias para verificar possíveis irregularidades e elaborem um acordo de cotistas, contrato paralelo que regulamenta questões internas, como a autonomia de cada sócio.
No caso da divisão de lucros, os ganhos devem ser proporcionais para cada empresa. Nem sempre a de maior faturamento fica com a maior parte nos rendimentos. “A participação societária deve ser proporcional ao valor de mercado das empresas participantes, que leva em conta também o patrimônio de cada uma”, afirma Dosso.
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