Banco Central Europeu anuncia medida para ajudar países em crise; Alemanha critica
O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, anunciou nesta quinta-feira (6) uma nova medida para reduzir os custos de empréstimos dos países da zona do euro e tentar limitar a crise da dívida.
O discurso de Draghi vinha sendo muito esperado pelos investidores do mundo todo, após ele ter dito que faria o que fosse preciso para salvar o euro. Investidores estavam ansiosos, aguardando para saber como o BCE iria agir para ajudar a reduzir os custos de empréstimos de Espanha e Itália, após desentendimentos entre autoridades sobre o plano terem ido a público na semana passada.
Por meio de um novo programa, o BCE poderá comprar, de forma ilimitada, bônus da dívida de países da zona do euro de curto prazo (com vencimentos entre um e três anos) no mercado secundário.
Draghi afirmou que o BCE só irá ajudar países que concordarem em implementar condições econômicas duras, com o fundo de resgate da zona do euro também comprando seus títulos, e de preferência com o Fundo Monetário Internacional (FMI) envolvido na definição e monitoramento das condições.
A ideia é combater o forte diferencial entre as taxas exigidas pelos mercados aos países mais golpeados pela crise, como Espanha e Itália, e as pagas por economias mais sólidas, como Alemanha.
Mais detalhes
O economista italiano explicou que uma condição necessária para que o BCE atue no mercado de dívida secundário é que os governos aceitem as "condições estritas e efetivas" que vêm associadas ao programa dos fundos europeus de resgate, seja o Fundo Europeu de Estabilidade (FEEF) ou o futuro Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), que atuariam no mercado primário.
O programa também poderia ser aplicado em países que estão atualmente sob um plano de resgate (Grécia, Irlanda e Portugal) quando estes recuperarem acesso aos mercados de bônus, explicou Draghi.
O BCE avaliará até que ponto se justifica uma intervenção e terá a capacidade de decidir com "plena discrição" o início do programa de compra de bônus, sua continuação e inclusive sua suspensão se o país beneficiado não cumprir as condições exigidas.
Banco central perde a ‘preferência’ em caso de calote
Draghi disse também que o BCE está preparado para ceder seu status de credor preferencial sobre os títulos que compra --o que significa que será tratado de maneira igual em relação aos credores privados em caso de calote.
O banco central espera que, ao remover a preocupação dos investidores privados de que serão pagos por último no caso de um calote, eles não vão fugir se o BCE intervir e comprar títulos. O BCE assumiu o status de credor preferencial na reestruturação da dívida da Grécia neste ano.
Alemanha se opõe publicamente ao programa
A decisão do BCE não foi unânime, já que houve um voto contrário. Perguntado sobre quem teria dado o voto, o presidente do BCE respondeu aos jornalistas: "cabe a vocês adivinharem".
O Bundesbank, banco central alemão, já tinha se colocado abertamente contra um programa de compra de bônus soberanos por parte do Banco Central Europeu.
O BC alemão afirmou, em comunicado, que a compra de bônus governamentais é muito próxima de financiamento estatal através da impressão de dinheiro.
A chanceler alemã, Angela Merkel, disse que o BCE atuou dentro dos limites de sua independência e de seu mandato. "O BCE é o responsável pela estabilidade, pelo valor da moeda e é quem toma as medidas cabíveis", disse.
BCE corta projeções de crescimento e vê recuperação gradual
A economia da zona do euro deve se contrair este ano mais que o esperado anteriormente, segundo novas projeções da equipe do BCE, que também elevou as previsões de inflação para 2012 e 2013.
O BCE informou que espera que o Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro recue entre 0,6% a 0,2% este ano, ante projeção anterior em uma faixa entre recuo de 0,5% e expansão de 0,3%.
"Esperamos que a economia da zona do euro se recupere apenas muito gradualmente", disse o presidente do BCE, Mario Draghi.
O BCE também informou que espera que a inflação em 2012 fique numa faixa entre 2,4% e 2,6%, ante projeção anterior de 2,3% a 2,5%.
(Com informações das agências de notícias)
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