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Coco fica quase 15 vezes mais caro até chegar à praia, e tem 'inflação' no verão

Juca Varella/Folhapress
Imagem: Juca Varella/Folhapress

Matheus Lombardi e Carlos Madeiro

Do UOL, em São Paulo e Maceió

20/12/2012 06h00

Do momento em que sai da fazenda até ser vendido para um banhista pelas praias do país, a unidade do coco chega a ficar até 15 vezes mais cara.

O preço atinge seu ponto alto especialmente no verão, quando alguns comerciantes aproveitam a temporada de férias e a avalanche de turistas para inflacionar os preços.

Segundo levantamento feito pelo UOL, os produtores de coco no Nordeste vendem cada unidade por, em média, R$ 0,35. Nas praias mais badaladas do Rio de Janeiro e de São Paulo, o mesmo coco chega a ser vendido por até R$ 5.

Inflação do coco

Os turistas que aproveitam o verão para passar as férias na praia percebem a "inflação do coco". Ouvir reclamações de hóspedes em relação aos preços cobrados já faz parte da rotina, segundo Thiago Lisboa, dono de uma pousada na praia de Juquehy, em São Sebastião (a 191 km de São Paulo). "Os hóspedes reclamam, falam que tudo está muito caro."

Para o ambulante Santiago Ferreira, 56, que vende cocos na cidade de Santos (a 72 km de São Paulo) por R$ 3,50, cada unidade rende apenas R$ 1 de lucro. "É pouco, mas o pessoal ainda reclama e sempre pede um desconto", afirma. "Agora, com as férias, é que as vendas ficam boas. Dá até para subir um pouquinho [o preço]." 

Maior parte do lucro fica com vendedor final

Para especialistas, os produtores não vêem boa parte desse lucro da cadeia do coco.

Os intermediários, que levam o coco da fazenda até os centros de distribuição, ganham de três a quatro vezes em cima do produtor. Já o ambulante ou o dono do supermercado chegam a dobrar o preço que pagam ao intermediário. 

"O produtor está sofrendo com o preço baixo. Quem acaba ficando com a maior parte do lucro são as outras partes dessa cadeia, tanto o intermediário quanto o comerciante", diz Alírio Xavier, agrônomo da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), da Bahia.