Detroit (EUA), que pediu 'concordata', leiloa casas a partir de R$ 2.200
Aiana Freitas
Do UOL, em São Paulo
24/06/2014 06h00
A Prefeitura de Detroit, nos Estados Unidos, e o Detroit Land Bank vão leiloar cerca de 400 casas na cidade até o fim deste ano. A ideia é promover a ocupação das residências que foram abandonadas nos últimos anos. A cidade pediu "concordata" no ano passado por causa da crise econômica.
Quem entra no site da campanha "Construindo Detroit" é surpreendido com um aviso: "Neighbors wanted" ("Procuram-se vizinhos"). Lá está a lista de imóveis à venda.
O site mostra imagens de casas grandes, muitas construídas nas décadas de 1920 e 1930, com vários quartos e amplos jardins e garagens. A maioria, porém, requer uma série de reparos, como troca de pisos e janelas.
Os lances partem sempre de US$ 1.000 (R$ 2.231,50). As autoridades de Detroit alertam que o valor que o comprador terá de gastar com a reforma tende a ultrapassar, e muito, o preço que ele conseguir pagar pelo imóvel.
Cidade entrou em "concordata" no ano passado
A cidade de Detroit, no Estado do Michigan, foi berço da indústria automobilística americana e chegou a ser a quarta maior dos EUA. O número de habitantes, que era de 1,8 milhão nos anos 1970, passou para 700 mil atualmente.
No ano passado, com dívidas superiores a US$ 20 bilhões, Detroit tornou-se a maior cidade dos EUA a pedir proteção contra a falência (chamada de recuperação judicial no Brasil, antiga concordata). A cidade sofreu com a saída de montadoras para outras regiões e teve a crise agravada a partir de 2008.
O objetivo da prefeitura, agora, é repovoar a cidade. "Estamos fazendo uma ação agressiva para pegar essas casas abandonadas e trazer famílias para viver nelas novamente", disse o prefeito, Mike Duggan, no lançamento do site, em abril.
Mais de 6.000 interessados até agora
A ideia é evitar especuladores. Por isso só podem participar dos leilões pessoas que moram no Estado do Michigan ou pretendem morar no imóvel depois da reforma.
A reforma das casas será acompanhada pelas autoridades locais, e quem não fizer os reparos em seis meses (ou nove, no caso das casas históricas) perderá o direito ao imóvel.
Duas casas são leiloadas por dia, incluindo sábados e domingos. Desde que o site foi lançado, mais de 6.000 pessoas se inscreveram e cerca de 1.000 participaram de visitas guiadas organizadas pela prefeitura.