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SpaceX e Boeing disputam contrato com a Nasa para voos espaciais comerciais

Imagem divulgada pela Nasa mostra a cápsula não-tripulada Dragon, da SpaceX - Nasa/AP
Imagem divulgada pela Nasa mostra a cápsula não-tripulada Dragon, da SpaceX Imagem: Nasa/AP

Julie Johnsson e Alan Ohnsman

Da Bloomberg

10/09/2014 15h40

10 de setembro (Bloomberg) -- A SpaceX, de Elon Musk, e a Boeing Co. estão disputando mais de US$ 3 bilhões em financiamentos do governo dos EUA para retomar os voos espaciais tripulados do país. É o primeiro empreendimento comercial com o objetivo de colocar humanos em órbita.

O contrato para transportar astronautas para a Estação Espacial Internacional nos chamados táxis espaciais, até 2017, acabaria com a dependência dos EUA em relação aos foguetes russos. Essa dependência começou quando o ônibus espacial do país foi aposentado, três anos atrás.

A Nasa estabeleceu este mês como prazo final para anunciar o vencedor.

Para Musk, ganhar a disputa é um passo fundamental rumo ao seu sonho de colonizar Marte, enquanto uma vitória da Boeing ampliaria sua história de meio século no programa espacial dos EUA.

Uma terceira rival, a Sierra Nevada Corp., oferece um veículo com asas, estilo ônibus espacial, e busca expandir-se além do fornecimento de foguetes para viagens turísticas suborbitais da Virgin Galactic, de sir Richard Branson.

“A Boeing é a escolha segura, a SpaceX é a escolha empolgante e a Sierra Nevada, a escolha interessante”, disse Loren Thompson, analista do Instituto Lexington, um grupo de pesquisa com sede em Arlington, Virgínia, em entrevista por telefone.

A Nasa está traçando uma nova rota 45 anos depois de enviar humanos à Lua, considerando o setor privado para missões próximas à Terra, como a de transporte de ida e volta para a estação espacial.

Os operadores comerciais desenvolveriam o turismo espacial, enquanto a agência espacial focaria em viagens distantes, para Marte ou para asteroides.

A Boeing e a SpaceX provavelmente têm os principais conceitos, com base no financiamento que a Nasa ofereceu para refinar seus projetos, e um contrato dividido pode ser mais provável que uma decisão em que o vencedor leva tudo, disse Brian Friel, analista de contratos do governo da Bloomberg Intelligence em Washington.

Allard Beutel, porta-voz da Nasa, preferiu não comentar a respeito do contrato do Commercial Crew Transportation Capability, como o programa é conhecido formalmente.

SpaceX tem cultura de start-up e quer povoar Marte

Musk, o empreendedor bilionário que abalou a indústria automotiva com os carros movidos a bateria da Tesla Motors Inc., alimenta uma cultura de start-up do Vale do Silício na SpaceX.

Em 11 anos, a companhia com sede em Hawthorne, Califórnia, formalmente conhecida como Space Exploration Technologies Corp., ganhou a reputação de estabelecer metas audaciosas. Partindo da fabricação de foguetes, a empresa evoluiu e se tornou a primeira transportadora privada de cargas para a estação espacial.

O contrato para tripulação comercial é um trampolim para transformar a humanidade em uma “espécie multiplanetária”, começando com Marte, segundo Musk, que disse que esse desejo é uma das razões pelas quais ele recuou em seu plano inicial de perseguir uma oferta pública inicial de ações.

“A razão pela qual eu não tornei a SpaceX pública é que as metas da SpaceX são muito de longo prazo, de estabelecer uma cidade em Marte”, disse Musk, 43, a repórteres, em uma reunião em Tóquio no dia 8 de setembro.

Nesta semana, Musk se negou, por e-mail, a discutir as chances da SpaceX de ganhar o contrato ou a avaliar seus concorrentes.

A espaçonave Dragon V2 está desenhada para retornar à Terra e aterrissar verticalmente com sua própria energia em uma plataforma de lançamento, uma ruptura em relação aos anos de prática da Nasa de confiar em paraquedas para amortecer um pouso no oceano.

Sem ‘viagens à Lua’ para a Boeing

A Boeing, maior empresa aeroespacial do mundo, está focada em gerar valor para o acionista, na execução disciplinada e em evitar apostas de grandes dimensões em saltos tecnológicos, algo que o CEO Jim McNerney chama de “viagens à Lua”.

“Nós tivemos essa grande vantagem de estender diferentes partes da nossa companhia para as áreas de inovação”, disse Kelly Kaplan, porta-voz da unidade de exploração espacial da Boeing, em entrevista por telefone. Quanto a colocar humanos no espaço, “fazemos isso há 50 anos”.

A Sierra Nevada não é estranha às concorrências por contratos nos EUA ou aos voos espaciais. Além de fabricar foguetes para o empreendimento planejado por Branson de viagens rápidas ao espaço, a fabricante com sede em Sparks, Nevada, lança satélites comerciais e foi escolhida em 2013 para fornecer aviões de ataque leves para as Forças Armadas do Afeganistão.

Mark Sirangelo, que lidera a divisão de sistemas espaciais da Sierra Nevada, não pôde ser encontrado imediatamente para comentar o trabalho para a Nasa.

Diferentemente dos projetos de outros participantes, o Dream Chase, da Sierra Nevada, aterrissaria como um avião em qualquer pista militar grande o suficiente para um jato de fuselagem estreita.