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Vendedores de iates de luxo dão desconto em Mônaco

Tara Patel

Da Bloomberg

30/09/2014 12h55Atualizada em 12/11/2014 18h10

Vender o Cakewalk não está sendo tão fácil. O superiate de luxo de 86 metros, que possui seis solários, um piano de cauda Steinway Sons “baby” e amplos banheiros de mármore italiano, com duas pias, está no mercado há três anos.

Para facilitar a tarefa, os vendedores lhe concederam um lugar de honra no Yacht Show de Mônaco, na semana passada, e reduziram o preço para 119 milhões de euros (cerca de R$ 367,6 milhões), um quinto a menos do que em 2011. A isca pode funcionar.

“O mercado está se movimentando novamente”, disse Jonathan Beckett, diretor-executivo da corretora Burgess, em entrevista no deck. “Temos diversos interessados”.

Mercado de iates começa a melhorar após a crise de 2008

O desconto no Cakewalk e a renovada esperança de venda ilustram a natureza cíclica do setor de iates, que está intimamente vinculado às fortunas dos maiores gastadores do mundo.

Depois de uma depressão prolongada após a crise de 2008, o mercado para os maiores barcos está melhorando, de acordo com construtores, corretores e fornecedores de equipamentos para embarcações na feira comercial que ocorre todos os anos nessa ensolarada cidade-Estado.

Depois da seca de pedidos por novos iates durante a retração econômica, veio um período de redução de preços e até queimas de estoque dos modelos usados de média gama. O desconto no preço do Cakewalk indica que nem a gama superior do mercado passou ilesa.

Ter um iate 'não era politicamente correto'

Agora, a maré está virando: os estaleiros anunciam novos pedidos para os modelos maiores e os preços estão afundando.

“O mercado dos EUA está se recuperando”, disse Robert Moran, presidente e fundador da Moran Yacht Ship, com sede em Fort Lauderale, Flórida. “Ele passou um tempo bem parado porque ter um iate não era considerado politicamente correto, mas agora o pessoal está de volta”.

A quantidade de superiates vendidos durante o primeiro semestre de 2014 aumentou 35% em comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com os números fornecidos pela corretora Camper Nicholsons International. Em termos de dólares, o aumento foi de 29%, para US$ 2,1 bilhões.

No ano passado foram realizados 159 pedidos por novos barcos, em comparação com 152 pedidos no ano anterior e 141 em 2011, de acordo com a corretora.

Ela acompanha os estaleiros e os negócios de compra, venda e aluguel de iates de mais de 24 metros, motorizados e à vela.

Super-iates cada vez maiores

Para os modelos maiores, os construtores de embarcações continuam cautelosos em relação à onda de melhoria no mercado devido à incerteza política na Rússia e no Oriente Médio, onde estão ancorados alguns dos proprietários das maiores embarcações.

Por outro lado, a certeza é de que os super-iates estão se tornando cada vez maiores.

Dos dez maiores iates do mundo, de acordo com a revista Superyacht Times, sete foram entregues durante a última década, entre eles o Azzam, de 180 metros, que tem o tamanho recorde.

Metade deles foi construída pela Lürssen Werft GmbH, especializada nesse mercado.

Outras empresas, como a italiana de capital fechado Azimut-Benetti, passaram a construir barcos de mais de 80 metros para segurar os consumidores.

Mansões flutuantes

“Agora temos três em construção, o que mostra que o mercado está crescendo”, disse Vincenzo Poerio, CEO da Benetti, em entrevista, em Mônaco. Ele estima que cerca de 10 mil pessoas em todo o mundo poderiam ter dinheiro para comprar uma dessas mansões flutuantes e aproximadamente 700 delas “estão interessadas em iatismo” atualmente.

Entre os três maiores super-iates em exibição neste ano, além do Cakewalk, estava o Solandge, de 85 metros. Entregue pela Lürssen no ano passado, ele pode ser alugado por US$ 1 milhão por semana, além das despesas.

Uma visita por ambos os barcos deixou claro que os iates, assim como as casas, refletem o gosto pessoal de seus proprietários.

No fim da feira em Mônaco, o Cakewalk ainda estava à venda.