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Novo presidente do Uber, que enfrenta crise, vale quase um Neymar?

Dara Khosrowshahi, novo presidente-executivo do Uber Imagem: Paul Sakuma/AP Photo

Do UOL, em São Paulo

07/09/2017 04h00

Após semanas de especulações, o aplicativo de transportes Uber anunciou Dara Khosrowshahi como seu novo presidente-executivo.

A contratação foi milionária, segundo especialistas em mercado. Os valores desembolsados para tirar o executivo do comando da empresa de turismo Expedia, onde esteve por 12 anos, podem ser equivalentes ao de transferências de grandes astros do futebol, como Neymar.

O Uber é uma empresa de capital fechado, por isso não precisa divulgar dados do tipo. É provável, porém, que tenha pago mais do que US$ 200 milhões (R$ 621 milhões) para atrair Khosrowshahi, de acordo com a agência de notícias Bloomberg.

Essa estimativa é feita com base nas opções de ações que ele tinha de sua antiga companhia, a Expedia, que valiam cerca de US$ 184 milhões, segundo análise da Bloomberg.

Quando o executivo tem que abrir mão de valores para trocar de emprego, como nesse caso, é comum que a nova empresa ofereça uma compensação equivalente, e ainda um adicional, como bônus anuais e opções futuras de ações, para que a proposta fique mais atraente.

Bolada como a do Neymar

Caso os valores especulados estejam corretos, o Uber teve que desembolsar um dinheiro que, se fosse transportado para o universo do futebol, seria suficiente para entrar em segundo colocado na lista de contratações mais caras do esporte, que atualmente é liderada por Neymar.

O brasileiro tomou a posição no início de agosto, quando trocou oficialmente o Barcelona pelo PSG por impressionantes 222 milhões de euros (cerca de US$ 265 milhões, ou R$ 822 milhões), mais do que o dobro da segunda maior transferência, a do francês Paul Pogba, que saiu da Juventus para o Manchester United em 2016 por 105 milhões de euros (US$ 125 milhões, ou R$ 388 milhões).

Claro que, diferentemente do futebol, em que o dinheiro da transação é passado de um clube para o outro, no mundo corporativo a compensação vai para o bolso do executivo, no caso, Khosrowshahi.

Por que o Uber pagou tanto?

Uma combinação de fatores levou a empresa de aplicativos de transporte a ter de gastar um caminhão de dinheiro por seu novo executivo.

"Eu não acho que você o conseguiria [Khosrowshahi] por uma barganha. Essa é uma situação onde o próximo presidente-executivo vai levar a companhia ao sucesso ou quebrá-la", afirmou Aalap Shah, diretor da Pearl Meyer, consultoria especializada em compensação de executivos, em entrevista à Bloomberg.

Apesar de ter sido apontado como azarão entre os candidatos especulados para ocupar a vaga, inclusive por ser um forasteiro no Vale do Silício (polo de tecnologia americano de onde surgiu o Uber), Khosrowshahi construiu uma história de sucesso.

Família de origem iraniana

Atualmente com 48 anos e de uma família de imigrantes iranianos, ele construiu sua carreira nas últimas três décadas, primeiro como analista em uma administradora de investimentos e depois como executivo em uma rede de televisão americana.

Em 2005, se tornou presidente-executivo da Expedia, companhia fundada pela Microsoft e que tinha sido adquirida quatro anos antes pelo magnata da mídia Barry Diller. Sob o comando de Khosrowshahi, a empresa cresceu e em 2015 comprou três grandes concorrentes. No ano passado, suas ações subiram 35%.

Também em 2015, ele foi o executivo mais bem pago dos EUA, de acordo com cálculos da consultoria Equilar.

Ele recebeu US$ 94,6 milhões, sendo que US$ 90,8 milhões foram em opções de ações -- uma compensação justamente por ter firmado um acordo de longo prazo para segurá-lo na companhia até setembro de 2020.

Assédio sexual no Uber

Outro fator que explica o valor alto da contratação é a turbulência que o Uber atravessa, apesar de ser visto como uma das companhias mais promissoras, avaliada em US$ 69 bilhões.

Khosrowshahi está assumindo a vaga deixada por Travis Kalanick, cofundador da empresa, que renunciou ao cargo em junho após pressão de investidores e em meio a uma série de polêmicas que prejudicaram a imagem da empresa, de acordo com o jornal "The New York Times".

Um desses problemas seria a cultura da empresa. Em junho, ela demitiu 20 funcionários após investigar denúncias de assédio.

O estopim foi o depoimento de uma ex-funcionária, que alegou ter sido assediada de forma moral, sexual e sexista por seus superiores, e que as queixas feitas no departamento de recursos humanos teriam sido ignoradas.

Em fevereiro, quando o depoimento viralizou, Travis Kalanick, comentou em sua conta oficial no Twitter: "O aqui descrito é abominável e vai contra tudo aquilo em que acreditamos. Qualquer pessoa que se comporte dessa forma e considere que está OK será demitido".

Programa enganaria autoridades

Também neste ano, o Uber foi acusado de usar um software para enganar autoridades em algumas cidades onde atua.

No campo dos negócios, a empresa ainda luta contra a perda de participação em seu principal mercado, o americano.

Os planos de Khosrowshahi incluem a redefinição da cultura do Uber, estancando perdas e fazendo uma oferta inicial de ações na Bolsa em até três anos, de acordo com uma pessoa que participou da reunião em que ele se apresentou aos funcionários.

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