Consumidor pagará conta por 'jabutis' na MP da Eletrobras, diz indústria
Colaboração para o UOL
17/06/2021 19h11Atualizada em 17/06/2021 20h14
Empresários do setor de produção de energia no Brasil divulgaram uma nota à imprensa hoje afirmando que a MP (Medida Provisória) de privatização da Eletrobras aprovada pelo Senado tem "jabutis" (pontos que divergem da proposta inicial) que "vão onerar os consumidores por décadas".
A proposta de privatização, elaborada pelo senador Marcos Rogério (DEM-RO), teve três versões apresentadas em apenas 24 horas, com a inclusão de mudanças planejadas para conseguir os votos necessários à aprovação da medida. O movimento de empresários do setor energético "Unidos Pela Energia" alega que "a oportunidade de aprovar a proposta original do governo, que era boa, foi diversas vezes perdida ao longo dos debates. E com ela perdeu o Brasil".
Ainda de acordo com a nota, os empresários confiam "na manutenção desse arco de convergência em torno de um setor melhor e centraremos esforços agora no projeto de lei de modernização do setor elétrico". O grupo afirma que manterá o apoio à medida original elaborada pelo governo e "trazendo ao debate a importância da competitividade".
Entre as associações que fazem parte do movimento empresarial que assina a nota estão a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), a Instituto Aço Brasil, a Eletros (Associação Nacional de Produtos Eletroeletrônicos), a AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), a Abrinq (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos) e a ABINEE (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), além das federações das indústrias de Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Santa Catarina.
Inclusão de "jabutis" é criticada
Especialistas ouvidos pelo UOL dizem que a discussão da proposta e dos "jabutis" está sendo feita de modo atropelado, atendendo a interesses de grupos específicos, com prejuízo ao meio ambiente e aos consumidores de energia.
Para Sérgio Lazzarini, professor do Insper, a privatização está sendo feita a "toque de caixa, aceitando toda e qualquer inclusão [no texto] para que a medida seja aprovada", o que inclui medidas voltadas a bases eleitorais ou para beneficiar grupos específicos.
Tudo o que você inclui de residual de interferência do governo pode ser visto como um possível canal de influência, o que aumenta o risco e torna a privatização menos atraente.
Sérgio Lazzarini, professor do Insper
* Com informações de Antonio Temóteo e Giulia Fontes, do UOL, em Brasília e em São Paulo