Bolsonaro volta a falar em corrigir Imposto de Renda, promessa de 2018
Do UOL, em São Paulo
02/08/2022 11h05Atualizada em 02/08/2022 17h00
O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a prometer hoje uma correção na tabela do Imposto de Renda após descumprir o que disse que faria quando ainda era candidato à Presidência, em 2018. À época, Bolsonaro afirmou que iria isentar todos os brasileiros que ganhassem até cinco salários mínimos. Quatro anos depois, a promessa voltou a ser feita pelo presidente em entrevista à Rádio Guaíba, de Porto Alegre.
"Havia um compromisso nosso de mexer na tabela. Buscar uma atualização. Veio a pandemia. Aí foi uma desgraça para a gente... Assim como muitas coisas, eu não consegui botar para a frente", afirmou Bolsonaro.
Segundo o presidente, uma medida nesse sentido já estaria alinhada como o Ministério da Economia para 2023. Bolsonaro, porém, não deu detalhes sobre quais seriam as mudanças na cobrança do imposto.
"Já está conversado com o Paulo Guedes. Vai ter atualização da tabela do imposto de renda para o próximo ano. Está garantido já. Não sei o percentual ainda, mas vamos começar a recuperar isso daí. Porque tá virando, na verdade, um redutor de renda. E não uma tabela", disse.
Na prática, a demora na correção da tabela do Imposto de Renda representa um novo aumento dos impostos. A cada ano, mais brasileiros são obrigados a pagar IR. E quem já paga leva uma mordida ainda maior no bolso.
Este ano, por exemplo, quase 24 milhões de brasileiros estariam isentos do IR se houvesse, ao menos, a correção da tabela pela inflação acumulada desde 1996 e não repassada, de 134,5%. Hoje, apenas 8 milhões de pessoas estão isentas. A estimativa é dos auditores da Receita Federal, calculada pela Unafisco (Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal).
Discurso mudou em 2019
Apesar de ter prometido, em 2018, a isenção total para brasileiros que ganhassem até cinco salários mínimos, no ano seguinte o discurso de Bolsonaro mudou.
No fim de 2019, o presidente disse que o valor da promessa foi reduzido para R$ 3.000. Com a pandemia e o rombo nas contas do governo em 2020, Bolsonaro jogou a bola para frente: "Vamos tentar, pelo menos em 2022, passar para R$ 3.000." Ele também admitiu que não conseguirá atingir o piso de isenção de R$ 5.000 até o fim do seu mandato.
Com isso, já são mais de sete anos sem nenhum reajuste nas faixas salariais de tributação e nas deduções permitidas, como dependentes ou educação.