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Câmara acelera votação do projeto que limita juros do rotativo do cartão

Vista do plenário da Câmara dos Deputados antes do início da votação do texto da reforma tributária, em Brasília Imagem: 6.jul.2023 - Cláudio Reis/Estadão Conteúdo
Gabriela Vinhal e Carolina Nogueira

Do UOL e em colaboração para o UOL, em Brasília

04/09/2023 21h37Atualizada em 05/09/2023 09h28

A Câmara dos Deputados aprovou, por 360 votos a favor e 18 contra, o requerimento de urgência do PL (projeto de lei) que sugere um teto de 100% para os juros do rotativo do cartão de crédito e regulamenta o Desenrola, programa de renegociação de dívidas do governo. Agora, a proposta pode ser analisada no plenário da Casa sem precisar passar pelas comissões.

O que aconteceu

A proposta sugere que o total da dívida no cartão só pode chegar ao dobro do valor inicial da compra. O relator do projeto de lei incluiu em seu parecer a obrigatoriedade das operadoras de cartão de crédito apresentarem uma proposta para limitar os juros do rotativo — cobrados quando o consumidor não paga o valor total da fatura.

O PL deve ser votada pelos deputados nesta terça, após a urgência ter sido aprovada.

Em caso de aprovação, o setor bancário poderá apresentar uma proposta em até 90 dias após a publicação da lei. O CMN (Conselho Monetário Nacional), do Banco Central, é o responsável por regular a proposta dos bancos.

Passado esse prazo, o relatório do deputado Alencar Santana (PT-SP) estabelece que os juros cobrados não podem ultrapassar o valor total da dívida — ou seja, o encargo máximo cobrado será de 100% do montante devido.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), assinou um ato para que os deputados tivessem que ir a Brasília nesta segunda (4) e garantir o quórum para votações importantes — já que a semana é mais curta por conta do feriado de 7 de setembro. As sessões costumam ser semipresenciais às segundas, e a presença dos parlamentares é registrada no aplicativo Infoleg.

Segundo o Banco Central, o juro médio total cobrado pelos bancos no rotativo do cartão de crédito passou de 437% para 445,7% ao ano, um aumento de 8,7 pontos porcentuais de junho para julho.

Desenrola

Acordo para o Desenrola Brasil ser votado como projeto de lei. Inicialmente, o programa de renegociação de dívidas do governo Lula constava em uma medida provisória, mas foi incluído no PL que trata dos juros do rotativo após acordo da gestão petista com o Congresso.

Desde julho, bancos e instituições financeiras de crédito podem se cadastrar no Desenrola Brasil. O programa possui duas faixas com condições de renegociações diferentes para cada público.

Faixa 1

Quem se enquadra? Pessoas com renda mensal de até dois salários mínimos (R$ 2.640) ou inscritas no CadÚnico.

Quais dívidas podem ser renegociadas? Na faixa 1, o programa abrange dívidas de até R$ 5.000 contraídas de 1º de janeiro de 2019 até 31 de dezembro de 2022. Débitos com empréstimos consignados também estão inclusos, e todas as operações serão isentas de IOF. Aqui também entram dívidas não bancárias.

Quais dívidas não entram? Não podem ser renegociadas dívidas que tenham garantia real ou relacionadas a crédito rural, financiamento de imóveis e operações com funding ou risco de terceiros.

Faixa 2

Quem se enquadra? Pessoas com renda mensal acima de dois salários mínimos (R$ 2.640) e até R$ 20 mil.

Quais dívidas podem ser renegociadas? Na faixa 2, o programa atende dívidas bancárias contraídas de 2019 até 31 de dezembro de 2022 e que continuam ativas. Os devedores terão prazo mínimo de 12 meses para quitar os valores.

Quais dívidas não entram? Não entram dívidas não bancárias, como por exemplo tributárias, de conta de água ou luz, entre outras. Não podem ser renegociadas as dívidas relacionadas a crédito rural; que tenham garantia da União ou de alguma entidade pública; não tenham risco de ser assumidas por agentes financeiros; tenham qualquer tipo de previsão de aporte de recursos públicos; ou tenham qualquer equalização de juros por parte do governo.

Dívidas de até R$ 100 desnegativadas

Bancos devem limpar o nome de quem tem dívidas de até R$ 100. Bancos cadastrados suspenderam a negativação de quem deve até R$ 100. Segundo o Ministério da Fazenda, a regra vai limpar o nome de 1,5 milhão de brasileiros.

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