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IPCA de outubro sobe 0,24%, puxado por alta das passagens aéreas

O maior impacto individual no resultado de outubro veio dos preços das passagens aéreas Imagem: Getty Images/iStockphoto

Alexa Meirelles

Do UOL, em São Paulo

10/11/2023 09h01

O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial do país, ficou em 0,24% em outubro, segundo o IBGE. No mês anterior, o índice havia registrado alta de 0,26%. No ano, a inflação acumulada do país é de 3,75% e, nos últimos 12 meses, de 4,82%.

Na pesquisa da Reuters, analistas esperavam uma alta de 0,29% em outubro.

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Passagens aéreas

Os dados mostram que o maior impacto individual no resultado de outubro veio dos preços das passagens aéreas. O item subiu 23,7% na comparação com o mês anterior. Além disso, as passagens já vinham de uma alta de 13,47% em setembro.

Alguns fatores podem explicar a disparada de preços. Segundo André Almeida, gerente do IPCA, o aumento pode estar relacionado ao preço do querosene de aviação e a proximidade das férias de fim de ano.

O que ficou mais caro?

Oito dos nove grupos de produtos e serviços investigados pela pesquisa subiram. O grupo Comunicação (-0,19% e -0,01 p.p.) foi o único em queda.

No grupo dos Transportes (0,35%), um dos destaques, o resultado foi influenciado pelo aumento nos preços da passagem aérea. Ainda assim, o diesel foi o único item dos combustíveis (-1,39%) que registrou inflação. No período, os preços da gasolina (-1,53%), do gás veicular (-1,23%) e do etanol (-0,96%) caíram.

A gasolina é o subitem de maior peso entre os 377 da cesta do IPCA. Essa queda em outubro foi o maior impacto negativo no índice (-0,08 p.p) e contribuiu para segurar o resultado do grupo de transportes.
André Almeida, gerente do IPCA

Veja como ficou a inflação por grupo:

  • Alimentação e bebidas: 0,31
  • Habitação: 0,02
  • Artigos de residência: 0,46
  • Vestuário: 0,45
  • Transportes: 0,35
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,32
  • Despesas pessoais: 0,27
  • Educação: 0,05
  • Comunicação: -0,19

Após quatro quedas, alimentação sobe

O grupo de Alimentação e bebidas, outro destaque, também apresentou alta (0,31%) após quatro meses de quedas. A alimentação no domicílio subiu 0,27%. A pesquisa destaca as altas da batata-inglesa (11,23%), cebola (8,46%), frutas (3,06%), arroz (2,99%) e das carnes (0,53%). Já o leite longa vida (-5,48%) e o ovo de galinha (-2,85%) apresentaram queda.

A alimentação fora do domicílio (0,42%) também acelerou em relação ao mês anterior (0,12%). As altas da refeição (0,48%) do lanche (0,19%) foram maiores do que em setembro.

O que é o IPCA?

O IPCA mede a inflação para famílias de áreas urbanas com renda de 1 a 40 salários mínimos. Entre as categorias consideradas para mapear a evolução geral dos preços, estão os custos com alimentação, habitação, saúde, transporte e educação, por exemplo. O índice é calculado pelo IBGE desde 1980.

Metas de inflação

O governo definiu meta de inflação de 3,25% em 2023. Para 2024 e 2025, a meta é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto porcentual para cima ou para baixo. Em 2026, a meta também será de 3%, segundo anunciado pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) em junho.

As projeções de inflação do Boletim Focus estão em 4,7% para 2023, 3,6% para 2024 e 3,2% para 2025. As projeções para a inflação de preços administrados são de 9,3% para 2023, 5,0% para 2024 e 3,6% para 2025.

O Copom cortou pela terceira vez seguida a taxa básica de juros. A Selic caiu para 12,25% ao ano. Na ata da reunião, o comitê destacou que "a inflação ao consumidor segue a trajetória esperada de desinflação, com uma composição benigna, exibindo desaceleração tanto na inflação de serviços quanto nos núcleos de inflação".

Repercussão

O resultado do mês foi bastante positivo na nossa avaliação, a gente consegue enxergar uma continuidade da trajetória de arrefecimento dos preços na economia brasileira. É um argumento que vai na direção de que o Banco Central está adotando a postura correta, mantendo esse ritmo de corte 0,5% da taxa Selic, sendo um bom equilíbrio entre o afrouxeamento monetário e a adoção de uma certa cautela em relação ao processo inflacionário.
Yihao Lin, coordenador econômico da Genial Investimentos

O número corrobora a atenuação de fatores que outrora contribuíram para o primeiro estágio de desinflação (concentrado em itens mais voláteis), como bens industriais e alimentos. Porém, não se trata de uma escalada de preços como a que vimos nos dois últimos anos; e os itens subjacentes, que importam mais no momento à política monetária, seguem em desinflação e vieram comportados novamente. Ou seja, apesar do que vimos nos alimentos, o qualitativo segue benigno.
Maykon Douglas, economista da Highpar

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