Petição a favor do parcelado sem juros ultrapassa um milhão de assinaturas
Do UOL, em São Paulo
30/01/2024 10h19
O movimento "Parcelo sim!", criado há dois meses para defender a modalidade do parcelamento sem juros do cartão de crédito, alcançou um milhão de assinaturas nesta segunda-feira (29). Mais de 20 associações ligadas aos setores de comércio, empreendedorismo e defesa do consumidor são apoiadoras do projeto.
O que é o movimento
O "Parcelo Sim!" reúne 24 entidades. Segundo as associações, elas se uniram porque grandes bancos pretendiam limitar o número de parcelas do pagamento sem juros. As instituições financeiras alegam que a modalidade provoca inadimplência dos consumidores.
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"Ficou claro que a população não vai abrir mão possibilidade de fazer compras parceladas sem juros", avalia Paulo Solmucci Júnior, presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes). Ele ressalta, em nota, que a marca de um milhão de assinaturas e a manutenção da modalidade são conquistas dos brasileiros.
O movimento destaca que o parcelamento é a forma preferida de comprar e vender do brasileiro. Foi possível chegar a essa conclusão após estudos técnicos, avaliação no Congresso, pesquisas junto aos consumidores e intenso debate público, diz a entidade
O "Parcelo Sim!" defende que a existência da modalidade é uma questão de "justiça financeira". Limitá-lo estagnaria a retomada econômica do país e prejudicaria o consumo de famílias, especialmente das classes mais baixas.
É o que ajuda o consumidor no momento em que ele mais precisa, quando ele necessita fazer um gasto inesperado. Por exemplo, a casa que sofreu uma enchente, o celular que foi roubado e é instrumento de trabalho, o ar-condicionado do restaurante que quebrou, entre outras situações.
Parcelo Sim!, em nota
Henrique Lian, presidente de Relações Institucionais e mídia da Proteste, explica que o parcelado sem juros também é fundamental para o empreendedor. "Não faria nenhum sentido mudar as regras só para agradar aos grandes bancos. Temos que pensar nos milhões de brasileiros que acordam cedo todos os dias para tocar seus negócios e precisam contar com o cartão na gestão financeira do negócio. O parcelado sem juros é bom para quem compra e bom para quem vende", afirma.
Discussão sobre limitar o parcelado
Representantes já chegaram a dizer que gostariam de limitar o parcelamento em nove, seis ou até mesmo três vezes. A discussão travou um embate entre os grandes bancos e associações e entidades que representam diferentes setores da economia.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, propôs limitar o parcelado no ano passado. O debate acontecia no âmbito do Desenrola — o PL deu um prazo de 90 dias para que as instituições pensassem em um novo modelo para a modalidade de crédito do rotativo, que tinha os juros mais caros do mercado. Caso contrário, passaria a valer o teto dos 100% da dívida.
A limitação passou a ser defendida pelos grandes bancos, mas a proposta não foi para frente. Desde janeiro, passou a valer a nova regra do teto de 100% para o rotativo.