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Roncaglia: Denúncia de Ciro é fake news se não indicar fonte de informação

Colaboração para o UOL, em São Paulo

13/03/2024 12h49

A denúncia de Ciro Gomes de que houve corrupção no pagamento de precatórios pelo governo Lula (PT) é "muito genérica", afirmou o economista André Roncaglia em participação no UOL News da manhã desta quarta-feira (13).

Sem apontar a fonte, a fala não passa de fake news, diz o economista.

Se ele não especificar quem vazou a informação, em um processo que envolve três poderes da República, já que envolve Judiciário, aprovação do Congresso Nacional e envolve o poder Executivo, de fato se transforma em uma fake news. Ele teve várias oportunidades para fazer isso e tudo que ele disse foi: 'Foi uma denúncia e o Ministério Público tem que investigar'. André Roncaglia, economista

Ciro fez uma acusação muito genérica. Ele começa dizendo que Lula e Haddad estariam pessoalmente envolvidos e depois ele recua, dizendo que alguém na Fazenda estaria envolvido. De repente, virou o governo Lula como um todo [fazendo] parte de uma falcatrua bilionária.

A acusação carece de especificidade, com um tema que está associado a um crime financeiro. Crimes financeiros não são crimes genéricos, são crimes específicos. A acusação do Ciro, depois de passar dias pesquisando e conversando com agentes de mercado, não há indícios de qualquer favorecimento.

O que há é um mercado de precatórios que se agigantou com a 'PEC do Calote', que o governo Bolsonaro e Paulo Guedes fizeram em 2021, e se agigantou no que diz respeito ao esmagamento dos lucros que as pessoas físicas ganharam recursos na Justiça teriam direito. Esses lucros foram transmitidos para agentes de mercado que têm o poder de antecipar esses recursos e garantir esse retorno direto para o governo. Mas isso já era assim antes.

A acusação dele é que teria havido algum tipo de favorecimento, que permitiu alguns agentes de mercado obter um ganho muito grande antes de alguma decisão, que ele também não especificou.

O que aconteceu?

Ciro afirma que os R$ 93 bilhões dos precatórios quitados foram parar nos cofres dos bancos. Em entrevista à CNN e em vídeo publicado no último domingo (10), Ciro diz que instituições financeiras do país já teriam comprado direitos dos precatórios dos credores a valores com altos descontos —lucrando, portanto, alto com a decisão do governo de pagá-los.

O que diz o BC

Apenas 3,4% do valor foi pago a bancos. Foram quitados R$ 93 bilhões de precatórios [sentenças judiciais] atrasados. O pagamento foi realizado pelo governo federal após autorização pelo STF. Somente R$ 3,18 bilhões (3,4% do total) foram pagos aos bancos detentores desses títulos judiciais, diz o BC.

Dos R$ 3,18 bilhões, somente R$ 1,68 bilhão é de precatórios adquiridos de terceiros pelos bancos. O R$ 1,5 bilhão que resta são precatórios não de terceiros, mas dos próprios bancos.

Do total quitado, R$ 49 bilhões são de natureza alimentar. Os valores são pagos em grande parte a trabalhadores e aposentados que já tinham ganho em definitivo ações judiciais com trânsito em julgado (sem possibilidade de recurso) contra a União.

O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em duas edições: às 10h com apresentação de Fabíola Cidral e às 17h com Diego Sarza. O programa é sempre ao vivo.

Quando: De segunda a sexta, às 10h e 17h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja a íntegra do programa:

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