Petrobras aprova Magda Chambriard como nova presidente da empresa
Alexandre Garcia
Colaboração para o UOL, de São Paulo
24/05/2024 04h00
O Conselho de Administração da Petrobras aprovou nesta sexta-feira (24) o nome de Magda Chambriard como nova presidente da empresa. Ela será a segunda mulher a comandar a companhia. A indicação dela ao cargo ocorreu após a demissão de Jean Paul Prates. A aprovação foi confirmada em fato relevante enviado ao mercado financeiro.
O que aconteceu
Magda Chambriard foi nomeada pelo presidente Lula para o cargo. A indicação ocorreu após o desligamento de Jean Paul Prates, que permaneceu à frente da empresa desde janeiro de 2023. Ele atribui sua saída aos ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Silveira (Minas e Energia), que teriam ficado "regozijados" com sua demissão.
Magda será a segunda mulher a comandar a estatal. Com o nome aprovado pelo Conselho de Administração, a executiva se juntará a Graça Foster (2012-2015) como as únicas mulheres a presidirem a Petrobras em 70 anos. Antes da indicação, ela foi diretora-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo) entre 2012 e 2016.
Magda Chambriard tomou posse como conselheira e presidente da Petrobras. Ela passou a integrar o Conselho imediatamente, não sendo necessária a convocação de Assembleia de Acionistas para esse fim. Atual Conselho da Petrobras é formado por 10 membros. O nome de Magda já havia sido validado na última quarta-feira (23) pelo Comitê de Elegibilidade da petrolífera.
Indicada por Lula tem ampla experiência no setor. Formada em Engenharia Civil pela UFRJ e com mestrado em Engenharia Química pela COPPE/UFRJ, Magda Chambriard iniciou sua carreira na Petrobras em 1980, como estagiária. Chegou à ANP em 2002 e permaneceu na agência reguladora até o fim de 2016.
O ministro Alexandre Silveira nega que a nomeação de Magda represente uma "mudança abrupta". Em entrevista à GloboNews, ele vê a autossuficiente na produção de gasolina, diesel e gás de cozinha e garante que o foco é manter a empresa atrativa para os investidores.
A Petrobras vai continuar sendo uma empresa de alto valor agregado, vai continuar dando muito lucro aos investidores, mas também dará alegria aos brasileiros.
Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia
Temor no mercado
A executiva será a nona comandante da Petrobras em oito anos. A nova troca reascende os receios do mercado financeiro sobre a governança e saúde financeira da empresa. Na última década, a petroleira esteva no centro do escândalo revelado pela Operação Lava Jato.
Em termos de governança, este quadro é horrível para o Brasil, ainda que se equilibre no limite da legalidade. Uma engenharia sempre perigosa.
Eduardo Silva, presidente do Instituto Empresa
Para parte dos analistas, a saída de Prates amplia o temor de interferência política. O alerta ganha força nos últimos meses com as posições de Prates indo contra os interesses do governo federal. Tal avaliação foi rechaçada pelo ministro de Minas e Energia em entrevista à GloboNews.
A palavra intervencionista para a Petrobras é completamente equivocada, porque quando o investidor compra suas ações sabe que o controlador é o governo.
Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia
A distribuição dos dividendos também é vista como ponto central para a empresa. O debate sobre a retenção de 100% dos dividendos extraordinários no balanço do quarto trimestre é avaliada de maneira negativa pelo mercado financeiro.
Se a Petrobras continuar a distribuir metade dos dividendos extraordinários, o mercado provavelmente veria isso como um equilíbrio entre recompensar os acionistas e financiar as operações e expansões estratégicas da empresa.
Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos
Diante dos temores, as ações da Petrobras desabaram nos últimos dias. Desde a saída turbulenta de Prates, as ações preferenciais (PETR4) e ordinárias (PETR3) da empresa só não apresentaram queda nos pregões dos dias 20 e 22. No período, os papéis recuaram, respectivamente, 9,93% (de R$ 40,87 para R$ 36,81) e 10,46% (de R$ 42,93 para R$ 38,44).
O que esperar de Magda à frente da Petrobras
Ao assumir o posto, a executiva ficará responsável por definições relevantes. Fontes avaliam que os primeiros movimentos de Magda devem representar alterações na diretoria da estatal. Um dos que devem permanecer no cargo é Mauricio Tolmasquim, diretor de Transição Energética e Sustentabilidade.
Ela defende maiores investimentos nos estados produtores de Petróleo. No artigo "Petróleo gera riqueza para quem?", Magda cobra mais recursos para os entes e cita, especificamente, o Rio de Janeiro. Segundo ela, o estado com quase a totalidade dos recursos petrolíferos do pré-sal perdeu postos de trabalho e observou o aumento da desigualdade nos últimos anos.
Espera-se, agora, que esse mesmo governo, assim como sua estatal, retribuam o esforço da sociedade em seu benefício e direcione ao Rio de Janeiro e demais estados capazes de fornecer bens e serviços, uma fatia de seus investimentos um pouco maior do que a que vem sendo destinada.
Magda Chambriard, em artigo publicado na Revista Brasil Energia
Na mesma publicação, ela defende "estaleiros lotados". Em outra referência ao Rio, a executiva menciona haver estaleiros ociosos no mesmo momento em que o estado precisa "seriamente alocar sua mão-de-obra produtiva". Ao defender a promessa feita pela Petrobras em 2023, ela estima que a construção de um petroleiro na área teria capacidade de alocar 2.000 profissionais e gerar empregos indiretos.
Outra abordagem envolve licenciamento para a perfuração de poço exploratório na bacia da foz do Amazonas. Em nova publicação na Revista Brasil Energia, Magda critica a decisão do Ibama de negar a exploração da Petrobras na foz do Amazonas. A executiva defende a interferência do governo federal para a prática para impedir a "pena de condenar o Brasil à estagnação".
O impacto dessa negativa transborda o de licenciamento de um importantíssimo projeto de exploração de petróleo e o da própria sobrevivência da estatal brasileira como empresa contributiva do desenvolvimento nacional.
Magda Chambriard, em artigo