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Ao UOL Lula diz que não vai desvincular aposentadoria do salário mínimo

Do UOL, em São Paulo e Brasília

26/06/2024 10h51Atualizada em 26/06/2024 14h27

O presidente Lula (PT) afirmou nesta quarta-feira (26) em entrevista ao UOL que "enquanto for presidente" não desvinculará o aumento das aposentadoria e de pensões do reajuste do salário mínimo.

Salário mínimo não é gasto

Lula afirmou que dar aumento real do salário mínimo não é gasto. "Não considero isso um gasto", disse ele ao ser questionado se pretendia impedir que o reajuste das pensões previdenciárias e do BPC — pagamento de um mínimo a deficientes e ao idoso com 65 anos ou mais — respeitasse a correção inflacionária e o aumento do PIB.

O presidente disse que, se fizer isso, "não vai para o céu". "A palavra salário mínimo é o mínimo que uma pessoa precisa para sobreviver", afirmou. "Se eu acho que vou resolver a economia brasileira apertando o mínimo do mínimo, eu estou desgraçado, eu não vou pro céu, eu ficaria no purgatório."

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Lula defendeu o reajuste das aposentadorias à correção do mínimo pela inflação e aumento do PIB. "Muito dinheiro na mão de poucos significa pobreza, desnutrição, analfabetismo e desemprego. Pouco dinheiro na mão de muitos significa aumento de renda, do consumo, do desenvolvimento, da educação e da saúde", afirmou.

É preciso garantir que todas as pessoas tenham condições de viver dignamente, por isso tem de repartir o pão de cada dia em igualdade de condições.
Lula, presidente da República

O crescimento do PIB é para você distribuir entre os 213 milhões de brasileiros e eu não posso penalizar a pessoa que ganha menos.

Mercado torce pelo pior

Mercado "precifica desgraça" e economia vai crescer mais do que dizem os especialistas.

O mercado sempre precifica desgraça, está sempre trabalhando para não dar certo, está sempre torcendo para as coisas serem piores do que são, na verdade. E a economia vai crescer, vai crescer mais do que todos os especialistas falaram até agora que vai crescer.

"Faria Lima pensa no lucro e não no povo", disse.

A Faria Lima tem alguém que quer mais bem ao Brasil do que eu? Que tem interesse de melhorar a vida do povo, mais do que eu? Vamos ser francos? Vocês acham que quando eles estão discutindo o aumento na taxa de juros, eles estão pensando no cara que está dormindo debaixo de uma ponte? No cara que está morrendo de fome? Não pensam, pensam no lucro. E o país tem que ter alguém que pense no povo.

"Empresário precisa ter lucro, mas deve pensar no trabalhador", disse.

Você acha que eu quero que o empresário dê prejuízo? Eu não sou doido. Se der prejuízo, vou perder empregos. Eu quero que ele tenha lucro. Mas eu quero que ele tenha cabeça como teve o Henry Ford, que disse: 'Eu quero que meus trabalhadores ganhem bem para eles poderem comprar os produtos que eu fabrico'. Se essa filosofia predominasse na cabeça de todo mundo, esse país estava maravilhoso.

Galípolo é companheiro preparado

O presidente Lula disse que o diretor de política monetária do Banco Central Gabriel Galípolo, cotado como futuro presidente da instituição, é altamente preparado, mas que ele ainda não está pensando na sucessão do BC. A gestão do atual presidente Roberto Campos Neto termina este ano.

O Galípolo é um companheiro altamente preparado, conhece muito do sistema financeiro, mas ainda não estou pensando no BC. Vai chegar o momento que vou apresentar o nome

"Tem que manter a taxa de juros em 10,5%?" Lula diz que respeita a função do Banco Central, mas criticou mais uma vez a taxa de juros do país. Na última reunião, o Copom manteve a taxa em 10,5%, interrompendo a trajetória de queda da Selic.

Não venham com chorumelas, porque eu fui presidente 8 anos. O Meirelles tinha total autonomia. Eu preciso respeitar a função do Banco Central. A pergunta que faço é: o BC tem de manter a taxa a 10,5% com inflação a 4%?

Ele disse que não é possível cuidar só da inflação. "O BC leva em conta que as pessoas estão tendo dificuldade de fazer financiamento? Não é culpa do BC é da estrutura que foi criada. O cara não pode cuidar só da inflação. O BC tem plano de meta de crescimento? A gente vai avançar para isso?", disse.

Eu não indico presidente do BC para o mercado, indico para o Brasil. E o mercado, seja financeiro, empresarial, produtivo, tem que se adaptar a isso. É preciso ter em mente que o Brasil vá bem, que a inflação esteja bem, que o crescimento vá bem, que o salário vá bem. É esse pais de bem, esse país de ganha, é isso que a gente precisa criar.

O presidente Lula também afirmou que a falta de crédito se deve a alta dos juros.

Eu preciso que os empresários do setor produtivo, da Fiesp, em vez de reclamarem do governo, façam passeata contra a taxa de juros. Porque são eles que estão com dificuldade, não o governo.

Desoneração não pode ajudar só empresas

Lula cobrou manutenção de empregos por empresas em troca da desoneração. "Quando vou desonerar empresas, quero saber se a empresa vai manter estabilidade do emprego, e por quanto tempo. Porque senão, o benefício é só para o empresário, não é para o trabalhador, não é para sociedade brasileira. Fico perguntando: 'com que direito o estado tem que abrir mão de uma quantia de arrecadação para favorecer o lucro do empresário?'", disse o presidente.

A equipe econômica mostrou que os subsídios chegaram a 6% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2023. Ao todo, segundo a ministra Simone Tebet (Planejamento), são R$ 646 bilhões somando renúncia fiscal tributária, renúncias de benefícios financeiros e creditícios.

Com pressão mercado, a equipe econômica prometeu uma nova proposta de corte de gastos para o início de julho, mas o governo ainda não sabe de onde. Lula tem criticado o argumento que joga a responsabilidade dos gastos públicos nas políticas sociais e diz que o alto valor de subsdídios prejudica "o mais humilde" em detrimento das classes mais altas.

Analisa gastos sem nervosismo do mercado

O presidente Lula disse em entrevista ao UOL que o governo vai analisar os gastos sem levar em conta o nervosismo do mercado para saber "se precisa efetivamente cortar ou se precisa aumentar a arrecadação".

Análise de gastos. O presidente disse que o governo está fazendo uma análise para saber se há gastos exagerados e onde há gastos que não deveriam existir. Mas considerando a necessidade de se manter a política de investimentos e sem levar em conta o nervosismo do mercado.

Nós queremos fazer política social que permita às pessoas crescer, queremos saber se o gasto está sendo bem feito, e o dinheiro está sendo usado para melhorar o país, estamos fazendo análise de onde tem gasto exagerado, onde tem gasto que não deveria ter, onde tem gente recebendo que não deveria receber. Sem levar em conta o nervosismo do mercado. Levando a necessidade de manter política de investimento.

Lula disse que ainda é preciso saber se há a necessidade de corte de custos.

O problema não é que tem que cortar. O problema é saber se precisa efetivamente cortar ou se precisa aumentar a arrecadação. Temos que fazer essa discussão.

Ele citou a desoneração da folha de pagamentos de 17 setores da economia. A desoneração foi vetada pelo presidente e o Congresso derrubou o veto.

Eles derrubaram o veto. Como a gente pode falar em gasto se estamos abrindo mão de receber uma quantidade enorme de recursos que os empresários têm que pagar?

O presidente deu entrevista para o UOL News nesta manhã. Lula falou com os colunistas Carla Araújo e Leonardo Sakamoto no Palácio do Planalto.

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