BC: Lula chama Galípolo de menino de ouro e quer nome combinado com Senado
O presidente Lula (PT) chamou hoje (27) Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do Banco Central, de "menino de ouro" e afirmou que quer indicar para a presidência do BC um nome "combinado" com o Senado Federal.
O que aconteceu
Galípolo, ex-número dois da Fazenda, é um dos principais cotados para assumir o BC. O atual presidente, Roberto Campos Neto, indicado por Jair Bolsonaro (PL) e criticado com frequência por Lula, fica no cargo até dezembro.
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Em entrevista, Lula evitou dizer quem será o indicado, mas rasgou elogios a Galípolo. "Se tem um menino de ouro, é o Galípolo. Competentíssimo, de uma honestidade ímpar. Obviamente que ele tem todas as condições, mas eu nunca conversei com ele", disse à rádio mineira Itatiaia.
Lula indicou querer consultar o Senado antes de formalizar a indicação. A Casa é responsável por aprovar ou não as indicações do presidente ao BC. Lula disse que vai sondar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sobre o tema. O objetivo, segundo ele, é impedir que o Congresso demore a aprovar seu indicado.
[Vou] falar: 'Pacheco, eu estou pensando em indicar a pessoa, quero saber se a comissão vai analisar rápido'. Porque eu também não quero indicar a pessoa para ela ficar sendo alvo de tiroteio a vida inteira. Quero fazer o jogo combinado. Eu pensei a pessoa, vou conversar com o Senado: 'dá pra indicar?' Indicar, votar e pronto.
Lula, sobre futuro presidente do BC
O presidente já havia elogiado Galípolo ontem (26), em entrevista ao UOL. "O Galípolo é um companheiro altamente preparado, conhece muito do sistema financeiro, mas ainda não estou pensando no BC. Vai chegar o momento em que vou apresentar o nome", disse.
Lula não tem escondido a insatisfação com o atual presidente do BC, e o anúncio do substituto pode ser feito já em agosto. Em série de entrevistas na semana passada, disse que as coisas "vão voltar à normalidade" quando Campos Neto deixar o cargo e que ele "tem lado político" pela sua relação com nomes relevantes da direita, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP).
Divergência pelos juros
Lula questiona a política de juros altos do Banco Central desde que assumiu. A decisão do Copom na semana passada interrompeu um ciclo de quedas da Selic desde agosto de 2023, quando estava em 13,75%: foram sete reuniões seguidas, com redução de 13,75% para 10,5%.
A ata mostra que decisão do Copom foi unânime. Todos, incluindo os conselheiros indicados por Lula, votaram pela manutenção da taxa.
Lula disse que "foi uma pena". "Quem está perdendo com isso é o Brasil, é o povo brasileiro", reclamou, em entrevista no dia seguinte ao anúncio. Ele disse ainda que a taxa atual "não tem critério e só atende ao mercado".