Topps e Panini: empresas disputam mercado de colecionáveis

Se, por muitos anos, a Panini dominou o mercado de figurinhas e outros colecionáveis no Brasil, agora, outra empresa entra na briga. Trata-se da Topps, parte do grupo norte-americano Fanatics, que está fazendo frente à marca italiana.

O que aconteceu

A empresa, que vende roupas, acessórios e outros objetos para colecionadores, foca em colecionáveis ligados a esportes, a exemplo do futebol, basquete, futebol americano e beisebol. No entanto, a Topps vende também outros itens colecionáveis como, por exemplo, um kit importado de cartas do universo Star Wars está à venda por pouco mais de R$ 1.500. Há ainda produtos autografados e disponíveis por caixa.

Mais recentemente, a empresa firmou contrato com a UEFA e anunciou a conquista dos direitos para vender as figurinhas da Eurocopa de 2024 e 2028, além da Eurocopa feminina de 2025. No entanto, seleções e jogadores que possuem contrato com a Panini não aparecem no álbum; dessa forma, seleções como Itália, Inglaterra e França não são vistas com seus uniformes oficiais.

A Topps também comprou os direitos do álbum da Premier League, interrompendo um combinado com a Panini que vinha desde o ano de 1994. Outras aquisições da empresa estão relacionadas à Fórmula 1 e ao futebol americano.

Embora possa parecer pequeno, o que está em disputa entre a Panini e a Topps - ou seja, o mercado de colecionáveis - é bastante valioso.

O Brasil já é um mercado extremamente engajado, e, ainda assim, observamos hoje uma tendência de crescimento no setor. Ambos os mercados, colecionáveis e publicações, são impulsionados pela paixão dos brasileiros por experiências culturais e de entretenimento, seja através do esporte ou da leitura. Essa paixão cria um ambiente propício para o crescimento contínuo desses setores.
Martina Limoni, diretora de marketing e editorial da Panini Brasil

De acordo com Martina, em colecionáveis, os queridinhos do Brasil são os álbuns do Brasileirão e da Copa do Mundo, além do álbum da CONMEBOL Libertadores. "Por se tratar de um produto de grande valor no cenário esportivo e afetivo, que passa de pai para filho, eles são um sucesso em todos os estados brasileiros", comenta. "O público brasileiro é extremamente apaixonado por esportes, e essa paixão se reflete no colecionismo".

Para além das tradicionais bancas de jornal, hoje em dia, parte significativa das vendas de colecionáveis é feita online. Há até mesmo aplicativos por meio dos quais se pode fazer compras desse tipo de produto.

No cenário atual, a Panini vê sua dominância do mercado ao menos parcialmente ameaçada pela marca do grupo norte-americano. Ao menos no que diz respeito aos álbuns de futebol, a Topps parece ter conquistado uma porção importante dos clientes.

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Empresas negociam com clubes e atletas. "A Topps vem disputando esse mercado com a Panini por meio de acordos com confederações por direitos de imagens", explica Roberto Kanter, economista e professor de MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV), especialista em varejo. "O problema é que a Panini tem acordos com jogadores ou clubes específicos, os quais, então, não aparecem nesses álbuns. A Topps tem a mesma estratégia."

Concorrência acaba sendo saudável, e a Topps vai entrar fundo no mercado. É muito provável que o que aconteça agora será uma guerra de direitos de imagem. Foi o que vimos na Eurocopa, em que a Topps tinha o contrato e a Panini criou um álbum diferenciado. Como resultado, nenhuma das duas conseguiu ter a quantidade total de jogadores no seu álbum. Esse deve ser o padrão que se repetirá. Nenhuma das duas abrirá mão de sua exclusividade. O que com certeza veremos é um mercado dividido. Álbuns de figurinha do campeonato brasileiro não terão mais as imagens de todos os jogadores ou clubes, por exemplo. Isso é irreversível.
Roberto Kanter, economista e professor de MBAs da Fundação Getúlio Vargas

Procurada, a Topps optou por não participar da reportagem.

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