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Bolsa e câmbio: dólar vai a R$ 5,734 com mais tensão no Oriente Médio

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL, em São Paulo 

01/08/2024 10h14Atualizada em 02/08/2024 07h46

O dólar finalizou o dia em alta de 1,42%, indo a R$ 5,734. É o maior valor desde 21 de dezembro de 2021. Com a escalada das chances de um conflito entre Israel e o Irã, a cotação da moeda americana ultrapassou o pico do ano, de R$ 5,6677, no fechamento de 2 de julho, segundo a consultoria Elos Ayta.

A Bolsa de Valores de São Paulo, que subiu durante boa parte do pregão desta quinta-feira (1º), virou para o negativo após o dólar acentuar sua alta. Por volta das 15h20 a moeda americana chegou a subir 1,27%, indo ao máximo do dia, a R$ 5,735, maior valor em mais de 31 meses. Na Bolsa, o Ibovespa terminou em queda de 0,2%, conforme dados preliminares, aos 127.395,47 pontos.

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O que aconteceu?

Importantes autoridades do Irã e de Líbano, Iraque e Iêmen discutem uma possível retaliação contra Israel. Isso após o assassinato do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, na madrugada de quarta-feira (31).

Com isso, as moedas emergentes perderam força em relação ao dólar. O índice VIX, que mede a volatilidade em Wall Street, subia fortemente acompanhado pela cotação do ouro.
André Galhardo, economista e consultor econômico da Remessa Online

Por que o Irã influencia o real aqui?

Quando há uma escalada de conflitos, os investidores ficam com medo de perder dinheiro. Para evitar isso, eles tiram valores de aplicações arriscadas (que podem perder mais) e correm para ativos mais seguros.

É por isso, por exemplo, que o ouro subiu tanto este ano. O metal já acumula valorização de 20,10% nos sete primeiros meses de 2024, segundo a Elos Ayta. Só perdeu para o Bitcoin (78,18%) e o índice de BDRs Não Patrocinados da B3, o BDRX (41,47%).

E ainda tem influência japonesa

"Ainda estamos presenciando o desmonte de posições no iene (devido à política monetária do Japão) e a saída de divisas do Brasil", diz Jefferson Laatus, chefe-estrategista do grupo Laatus. Ontem, o BC do Japão elevou sua taxa de juros para uma faixa que vai de 0,15% a 0,25% ao ano. Antes, ela ficava entre 0% a 0,1%. Como o país oriental tinha a menor taxa do mundo, muitos investidores captavam dinheiro lá e em seguida, aplicam aqui, com o segundo maior juro do planeta. Esse dinheiro agora está saindo do Brasil.

O preço dos produtos básicos em queda hoje também pesou. Com as commodities caindo, lembra Ariane Benedito, economista especialista em mercado de capitais, o Brasil lucra menos com a venda de petróleo e minério de ferro, principalmente. Menos dólares entrando, também deprecia o real.

Para completar, há o risco fiscal. Isso, segundo Wagner Varejão, economista da Valor Investimentos, torna o real mais vulnerável a esses fatores que outras divisas.

Se o Fed cortar juros, o dólar cai?

Na quarta-feira (31), tanto o Banco Central brasileiro quanto o Federal Reserve, nos Estados Unidos, mantiveram inalteradas suas taxas de juros. Isso ajudou a Bolsa de Valores na parte da manhã e início da tarde, antes da alta do dólar ganhar corpo.

O presidente do banco central americano, Jerome Powell deu mais sinais de que o Federal Reserve pode cortar juros em setembro. Hoje, foi divulgado o número de americanos que pediram seguro desemprego. O total aumentou em 14.000 na semana encerrada em 27 de julho. No total, são 249.000 pedido, o nível mais alto desde agosto do ano passado, informou o Departamento do Trabalho nesta quinta-feira (1).

Isso é bom. "Não é que a gente goste de desemprego. Mas há um ano, cada americano desempregado tinha duas vagas em aberto para escolher. Agora estamos voltando a um para um. Isso ajuda a conter a inflação", diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.

Mas mesmo que haja um corte de juros americanos, o real deve continuar perdendo valor. É o que diz Galhardo, da Remessa Online. "Há muitos outros componentes que sustentam o dólar em alta", diz ele. Dentre eles, a própria escalada da violência no Oriente Médio, a aproximação da troca de comando no Banco Central e o risco fiscal, diz o economista.

O Banco Central vai intervir no câmbio?

A última vez que o BC fez isso foi em 2 de abril deste ano. Naquele dia, o dólar comercial encerrou esta terça-feira (2) vendido a R$ 5,058, com queda de apenas 0,02%. Havia sido a primeira intervenção do Banco Central no câmbio em quase 16 meses. Por enquanto, não há sinais de que a autoridade monetária vá fazer uma nova intervenção.

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