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Subempregos e desânimo para buscar trabalho recuam no 2º trimestre

Volume de subocupados cai no Brasil Imagem: Marcelo Justo/Folhapress

Alexandre Novais Garcia

Do UOL, em São Paulo (SP)

05/08/2024 05h30

O mercado de trabalho brasileiro fechou o segundo trimestre com a menor taxa de desemprego desde 2014. O cenário positivo é acompanhado pelo recorde do número de pessoas empregadas e as quedas do subemprego e do total de profissionais que desistiram de procurar por trabalho. Ainda assim, a coleta do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) evidencia o nível de ocupação abaixo de 40% entre a população com 14 anos ou mais.

Dados são positivos

Desemprego no Brasil é o menor em dez anos. Os dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) mostram que 6,9% da população nacional procurou por uma vaga no mercado de trabalho e não encontrou entre abril e junho. A taxa é a mais baixa para o segundo trimestre desde 2014.

Resultado traz recordes do total de ocupados. O total de 101,8 milhões de profissionais no mercado de trabalho é o maior de toda a série. O resultado ocorre com o salto do número de funcionários do setor privado (52,2 milhões). Também cresceu o volume de trabalhadores com carteira assinada (38,4 milhões) e de informais (13,8 milhões).

Busca por vaga de trabalho atinge 7,54 milhões. A sequência de quedas do índice de desemprego conta com a redução dos profissionais que procuram, sem sucesso, por uma colocação. O novo total é menor desde fevereiro de 2015 e traz uma queda de 12,8% (menos 1,1 milhão) na comparação com o mesmo intervalo do ano passado.

Evolução da pesquisa é considerada positiva. Os recordes apresentados pelo IBGE são vistos com um retrato do bom momento do mercado de trabalho brasileiro. "Os dados foram bastante favoráveis, mostrando consistência e tendência de manutenção", avalia Gilberto Braga, professor de economia do Ibmec-RJ.

Mas ainda há muitos fora do mercado de trabalho

Situação de pleno emprego permanece distante. Apesar das melhoras, a situação não representa um cenário ideal. A avaliação considera as diferentes situações do mercado de trabalho em cada estado e no Distrito Federal. "Tradicionalmente, você tem nas regiões Norte e Nordeste um nível de desemprego maior", destaca Braga. As taxas de desemprego nas unidades da federação serão revelados no próximo dia 15.

Para atingir o pleno emprego, é necessário diminuir os desalentados, que deixaram de procurar trabalho por não terem condições ou não acham mais possível, os subutilizados, que trabalham menos horas do que gostariam, e os trabalhadores por conta própria, que ainda têm um peso importante na nossa economia.
Marcelo Manzano, professor do Instituto de Economia da Unicamp

Quatro em cada dez seguem fora do mercado. Entre os mais de 176 milhões em idade de trabalhar, 74,25 milhões (42,2%) não fazem parte da cadeia produtiva. Em queda, o número é a soma entre os 7,54 milhões de desocupados (aqueles que buscam por emprego) e 66,7 milhões classificados como fora da força de trabalho. Esse valor, porém, está 0,5% abaixo do apurado há um ano (67,05 milhões).

Ao apontar que 40% da população com 14 anos ou mais está fora do mercado, a Pnad reflete desemprego, desalento ou mesmo baixa inserção de determinados grupos sociais no mercado de trabalho.
Claudio Felisoni de Angelo, professor da FIA Business School

Subemprego ainda está forte

Mais de 5 milhões trabalham menos que queriam. A chamada subocupação por insuficiência de horas trabalhadas manteve estabilidade ante o segundo trimestre do ano passado. O número chegou a 7,7 milhões no terceiro trimestre de 2021, período marcado pelo arrefecimento da pandemia.

Força de trabalho potencial totaliza 6,4 milhões. O valor é referente àqueles que não estavam ocupados nem desocupados, mas possuíam um potencial de se transformar em força de trabalho. A avaliação considera a necessidade de cuidar dos afazeres domésticos, estudar, problemas de saúde, idade ou o simples fato de não querer trabalhar.

Taxa de subutilização está em 16,4%. O indicator traz as pessoas fora da força de trabalho, os desocupados e aqueles que trabalham menos do que desejavam. Há um ano, o nível era estimado em 17,8%. Braga explica que análise considera quem não atua na área desejada ou aceitam qualquer tipo de ocupação olhando apenas para o salário.

O subempregado é aquela pessoa que às vezes tem um ofício e está fazendo faxina ou uma empreitada e recebendo diárias. Quando você tem essa diminuição, está imaginando que as pessoas estão deixando de ser subempregadas para se tornarem empregadas.
Gilberto Braga, professor de economia do Ibmec-RJ

Desistência

Mais de 3 milhões abriram mão de buscar colocação. Outro dado investigado pelo IBGE, o desalento também recuou no trimestre encerrado em junho. A estimativa para o indicador que ilustra a desistência da procura por emprego caiu 11,5% no último ano, de 3,66 milhões para 3,2 milhões. "O total de desalentados ainda é alto, mas eu, sinceramente, me surpreendi como ele tem se reduzido", relata Manzano.

Contingente representa 2,9% da força de trabalho. A taxa corresponde a uma variação negativa de 0,3 ponto percentual em relação ao primeiro trimestre (3,2%) e 0,4 ponto percentual ante o intervalo entre abril a junho de 2023 (3,3%).

Desalento mede desistência da procura por emprego. Entra na classificação aqueles que não buscaram por trabalho por avaliar que não conseguiriam uma colocação adequada, não tinham experiência ou qualificação, não conseguiam emprego por serem considerados muito jovens ou muito idosos, ou moravam em local onde não havia trabalho.

Grupo não integra População Economicamente Ativa. Felisoni avalia que o modelo tornar a participação artificialmente mais alta. "A não contabilização dos desalentados afeta negativamente a taxa de participação, tornando-a um indicador incompleto da efetiva inserção da população no mercado de trabalho", lamenta ele.

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