Bolsa e dólar fecham em queda com China e prévia do PIB
Lílian Cunha
Colaboração para o UOL, em São Paulo
16/08/2024 10h06Atualizada em 16/08/2024 17h17
Depois de ter alcançado ontem o maior valor em 2024 durante o pregão, a Bolsa de Valores de São Paulo virou o sinal. Encerrou oito dias seguidos de alta finalizando com o Ibovespa caindo 0,16%, indo a 133.928,51 mil pontos. Na semana, o indicador acumulou acréscimo de 2,5%. O dólar teve baixa de 0,25%, chegando a R$ 5,470. ajudado pela China. O dólar turismo vai a R$ 5,673 (venda).
O que aconteceu?
Na quinta, o Ibovespa bateu um recorde histórico: chegou durante o pregão a 134.516,88 pontos, patamar nunca atingido desde a criação do índice em 1968. A pontuação mais alta anterior havia sido de 134.392 pontos, durante o pregão de 27 de dezembro de 2023, conforme dados da Economatica.
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Nesta sexta, o Ibovespa tinha a chance de bater o recorde de fechamento, que é de 134.194 pontos, alcançados também em 27 de dezembro de 2023. Logo na abertura, o índice disparou. Mas, com mercados encerrando a semana no Oriente e na Europa (que estão pelo menos 5 horas à frente do Brasil), a alta perdeu força e virou queda.
No melhor momento da sessão, o Ibovespa marcou 134.781,44 pontos. No pior momento, chegou a 133.851,67 pontos. Hoje também houve uma queda nas ações ligadas a produtos básicos, lembra Andre Fernandes, diretor de renda variável e sócio da A7 Capital. No final, o Ibovespa perdeu o patamar dos 134 mil pontos.
O que vinha sustentando a alta?
Dados da China desta madrugada mostram que o país já vive alguma recuperação econômica. A produção industrial no país, o maior importador do Brasil, aumentou 5,1% em julho em relação ao mesmo mês de 2023. Já as vendas no varejo cresceram 2,7% no mesmo período, segundo o Escritório Nacional de Estatísticas.
Dados nacionais ajudaram também. O IBC-Br mostrou hoje que a economia brasileira cresceu acima do esperado em junho. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central, considerado a prévia do PIB (Produto Interno Bruto), avançou 1,4% em junho na comparação com maio e fechou o segundo trimestre com alta de 1,1%, em relação a janeiro, fevereiro e março. O mercado esperava uma alta de 0,5% no mês.
Balanços deram uma força. Os últimos balanços do segundo trimestre deste ano foram publicados esta semana. "No geral, a maioria das empresas publicou bons números", diz Virgílio Lage especialista da Valor Investimentos. Isso também vem colaborando para a alta da Bolsa, segundo ele.
Nos últimos dias, o mercado vem dando como certo um corte de juros dos EUA no início de setembro pelo Federal Reserve, o banco central de lá. Ontem, dados mostram que a inflação americana está arrefecendo. Os gastos do consumidor americano tiveram alta de 1% em julho, de acordo com números ajustados pela sazonalidade, mas não pela inflação.
Por isso, o mercado agora não mais especula quando o Fed vai cortar juros, mas sim quanto vai cortar. Juros menores nos Estados Unidos fazem os investidores tirar o dinheiro do Tesouro Americano. A aplicação mais segura do mundo paga as taxas do Fed. Se elas caem, os investidores saem em busca de melhor rentabilidade e vem para países como o Brasil.
Mais dólares entrando no país fazem o real se valorizar. A inflação brasileira também diminui o passo e — como o Banco Central normalmente segue o Fed — aumentam as chances de cortes da Selic aqui também. "Acreditamos que com o possível corte de juros 0,25 pontos percentuais por parte do FED na reunião de setembro, o Banco Central do Brasil deve manter a Selic inalterada", diz Fernandes. Mas se a baixa americana for maior ou com o dólar caindo, o BC pode mudar sua orientação.
E, de novo, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reforçou nesta sexta-feira que os dirigentes da instituição subirão juros se for necessário. "Todos os diretores estão adotando nosso discurso oficial. Estamos reforçando que não estamos dando nenhum 'guidance', mas que faremos o que for necessário para levar a inflação à meta", disse Campos Neto.