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'Impraticável': Dólar caro faz viajantes replanejarem viagem internacional

Veneza, Itália Imagem: iStock

Do UOL, em São Paulo

18/08/2024 05h30Atualizada em 18/08/2024 08h54

A alta do dólar tem encarecido as viagens internacionais e aumentado os custos de serviços turísticos, como hospedagem e alimentação. Esse cenário tem levado muitas pessoas a repensar suas viagens, mudando de destino, reduzindo passeios e, em alguns casos, até mesmo considerando não realizá-las.

O que aconteceu

Dólar acima de R$ 5. Apesar da queda desde o início deste mês, o dólar ainda permanece acima dos R$ 5, um patamar considerado elevado. Esse valor impacta significativamente as transações comerciais no país e o mercado financeiro, além de interferir diretamente no cotidiano das pessoas.

Dificuldades para viajar ao exterior. Uma das principais dificuldades decorrentes da alta do dólar é o aumento dos custos das viagens internacionais. A conversão do real para o dólar resulta em menor poder de compra, encarecendo as despesas com hospedagem, alimentação e outros serviços turísticos. Assim, as viagens para o exterior tornam-se menos acessíveis para muitos brasileiros.

Projeções do mercado financeiro. O mercado financeiro costuma fazer estimativas sobre a cotação do dólar, sendo a mais comum a que aparece no Relatório Focus, do Banco Central que indica que o dólar permanecerá no mesmo patamar acima dos R$ 5.

Incertezas sobre o comportamento do dólar. No entanto, não há como prever com exatidão como o dólar se comportará até o final do ano, assim como é incerto o impacto futuro nos custos das viagens internacionais. A volatilidade cambial e os fatores externos e internos continuarão a influenciar a moeda, dificultando previsões precisas.

O turismo entre Brasil e Índia tem demonstrado um crescimento nos últimos anos, impulsionado por fatores como a facilidade de obtenção do visto e o crescente interesse em conhecer a cultura e os destinos indianos. Imagem: Getty Images

Mudando a rota

Viagem 50% mais cara. Denise Pereira, 63, planejava, com o marido, passar férias na Índia pela primeira vez. A ideia era fechar a viagem em maio deste ano e viajar em outubro. O casal tem o hábito de adquirir antecipadamente não apenas as passagens aéreas, mas também transportes terrestres, passeios e alimentação, para evitar surpresas durante a viagem. Essa prática fez com que eles acompanhassem de perto as variações do dólar. No entanto, foi justamente o aumento da cotação da moeda que os levou a desistir do roteiro e optar por outro destino. Embora a moeda oficial da Índia seja a rúpia, muitas compras feitas por turistas são realizadas em dólar. "A variação da data fez o valor da viagem subir quase 50%, e desistimos desse roteiro", afirmou Denise.

De três países, agora pode ser apenas um. As férias de Bruno Henrique de Moura, 27, também estão prestes a ser impactadas pela alta e pela grande variação da taxa de câmbio. Diferentemente de Denise, que planejava viajar para a Ásia, Bruno pretende ir à Europa com uma amiga. As passagens para Madri já foram adquiridas, mas o desejo era também visitar a Itália e Portugal. "O euro não para de subir, e estamos um pouco receosos em relação a isso. Ficamos desanimados por conta dos preços, realmente fica impraticável", relatou o advogado.

Uma passagem de trem de alta velocidade de Madrid para Roma pode custar a partir de €100 em baixa temporada, podendo chegar a €250 ou mais em alta temporada. Na foto: Trem em campos da Itália Imagem: Getty Images

Trabalhos também são afetados. Não são apenas as viagens de férias que estão sendo reconsideradas; as viagens a trabalho também. Wadjla Tuany Silva da Costa, 30 anos, tem planos de ir a Paris, capital francesa, a trabalho em novembro para gravar um comercial. Embora tenha recebido a passagem de ida, ela precisará arcar com os demais custos da viagem. Caso consiga reunir os recursos necessários, Wadjla permanecerá na França por uma semana.

Preciso levar pelo menos mil euros, mas às vezes é impossível, especialmente para uma pessoa negra e favelada, que sempre viveu com o mínimo. Está sendo muito difícil juntar essa quantia.
Wadjla Tuany Silva da Costa

"Tickets com preço de terreno no céu". Em um grupo no Facebook, onde viajantes brasileiros compartilham suas experiências de viagem a Santiago, no Chile, uma postagem reuniu relatos sobre o quão caro tem sido esse destino. Gasolina, passeios e alimentação foram apontados como itens de alto custo. O dólar também está em alta no Chile, e, atualmente, um dólar no país equivale a R$ 5,46 (considerando a conversão feita em 13 de agosto, com o dólar custando 931,90 pesos chilenos, e um peso chileno valendo 0,0059 do real brasileiro).

O que fazer

Comprar aos poucos. Marcos Weigt, Head da Tesouraria do Travelex Bank, recomenda que aqueles que vão realizar uma viagem internacional adquiram moedas estrangeiras gradualmente. "É muito difícil prever a cotação do dólar ou do euro para os próximos meses. Portanto, a sugestão é comprar um pouco a cada semana ou a cada mês", explica Weigt. Dessa forma, o turista acabará gastando um valor médio que fica entre o preço mais alto e o mais baixo da moeda estrangeira.

O embarque nacional é 181,5% maior que o internacional. Na foto: Pelourinho, em Salvador, Bahia Imagem: Stefan Wieser/Getty Images/iStockphoto

Ficar atento às carteiras digitais internacionais. Existem cartões virtuais de diversos bancos que permitem a compra de moedas estrangeiras, não apenas fisicamente, mas também de forma gradual, como o euro ou o dólar, por exemplo.

Destinos "menos voláteis". Mikaely Correa, da Euromonitor International, sugere que se opte por destinos cujas moedas estrangeiras não são tão suscetíveis a variações cambiais ao escolher um local para a viagem. Um exemplo é o Uruguai. Nos últimos seis meses, a flutuação cambial foi menor no Uruguai, com uma variação de aproximadamente 8,27%, em comparação com a Argentina, que apresentou uma variação de cerca de 12,68%. Isso indica que a moeda uruguaia foi mais estável em relação ao dólar do que a moeda argentina nesse período.

As cidades mais procuradas foram São Paulo, Maceió, Porto Seguro, Porto de Galinhas e Recife. Na foto: Vista aérea de Ipioca a 24 quilômetros de Maceió. Imagem: Sedetur ? Alagoas

A vez do destino nacional. Outra solução para manter as viagens de férias durante os períodos de alta do câmbio é priorizar destinos nacionais. De acordo com a Decolar, houve um aumento de 36% nas buscas por voos domésticos no Brasil no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2023.

Ficar atento às promoções. "A internet tem se mostrado uma ferramenta valiosa para acompanhar promoções, comparar preços e adquirir bilhetes para atrações e ingressos antecipados", comenta Mikaely Correa.

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