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Bolsa bate recorde de pontos, e dólar cai para R$ 5,40

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL, em São Paulo

19/08/2024 10h16Atualizada em 19/08/2024 17h48

O Ibovespa, principal índice da B3, a Bolsa de Valores de São Paulo, subiu 1,36% nesta segunda-feira (19) e bateu seu recorde, aos 135.778 pontos. O recorde anterior era de 134.194 pontos, atingido em 27 de dezembro de 2023.

O dólar comercial fechou o dia em queda forte, de 1,07%, vendido a R$ 5,409. O dólar turismo ficou em R$ 5,592 (venda).

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O que aconteceu

A expectativa de queda de juros nos EUA vem fazendo a Bolsa subir e o dólar cair nos últimos dias. "A 'certeza' de que o Fed [Federal Reserve, o banco central americano] iniciará os cortes na taxa de juros na próxima reunião, em setembro, fez a moeda americana perder valor após ter se aproximado de R$ 5,90, em julho", explica André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, plataforma de transferências internacionais.

Isso, mais a expectativa de um aumento na Selic pelo Banco Central brasileiro, fortaleceu o real. É o que diz Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas, empresa que negocia ouro e moedas estrangeiras. "Se a questão política ou fiscal não atrapalhar, a tendência é de um dólar mais baixo nesta semana", diz ele.

Por que a queda de juros nos EUA afeta o dólar?

Com juros menores nos EUA, o dinheiro volta a circular pelo mundo. Os investidores saem do Tesouro americano em busca de melhores rentabilidades e vão para países emergentes, como o Brasil. Isso ajuda a diminuir a cotação do dólar ante o real e baixar a inflação.

Se a taxa básica de juros brasileira, a Selic, subir, esse fluxo aumenta ainda mais. O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta segunda (19) em uma palestra em Belo Horizonte que a instituição vai aguardar as próximas quatro semanas até o encontro do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) de setembro para obter "o máximo de dados" e "estar aberto" à decisão sobre a taxa básica.

Mas Selic alta não é ruim?

No momento, não é, explica Alan Martins, analista da Nova Futura Investimentos. Ela ajuda a controlar a inflação e também atrai mais investimento para o Brasil.

No último dia 15 de agosto, por exemplo, entrou R$ 1,29 bilhão de investidores no Brasil. Em agosto, já há um saldo positivo de R$ 4 bilhões. Isso inverte a fuga que vinha acontecendo desde o começo do ano. Tanto que, no acumulado do ano, o saldo ainda está negativo em R$ 32,513 bilhões, segundo dados da B3 coletados pela Nova Futura Investimentos.

Mas a Selic pode cair mais para a frente. Com o dólar caindo e — principalmente — a taxa americana sendo cortada, a tendência é que o BC siga a mesma orientação do Fed e corte os juros aqui também.

O que mais ajuda a Bolsa a subir?

As ações da Vale (VALE3) são o destaque do dia na Bolsa nesta segunda (19). Com o preço do minério de ferro em recuperação na China, o papel da empresa subiu 2,1%, indo a R$ 57,26, conforme dados preliminares. E, como o ativo tem um peso de 11% do Ibovespa, a Bolsa sobe com ele. Tudo porque o governo chinês estuda diminuir impostos e até distribuir vales-compra para agitar a economia.

Outro fator que vem ajudando a Bolsa a subir é o resultado das empresas brasileiras, que divulgaram os balanços do segundo trimestre. No geral, segundo cálculo do Itaú BBA, as receitas das companhias listadas ficaram 3,1% acima das expectativas no período de abril a junho. Os últimos balanços foram divulgados na semana passada. Pelo levantamento do Itaú, o lucro ficou 5,3% acima das estimativas, o que atrai mais investidores.

Além disso, a Bolsa brasileira também acompanha o mercado americano. Assim como aconteceu aqui, as Bolsas americanas também tiveram seus dias de "rally", com mais de uma semana de altas consecutivas, explica Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master. "Isso mostra que a economia americana não está caminhando para uma recessão", diz ele.

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