Bolsa fecha em alta com chance de corte maior de juros nos EUA; dólar cai
Lílian Cunha
Colaboração para o UOL, em São Paulo
04/09/2024 10h22Atualizada em 04/09/2024 17h16
Nesta quarta-feira (4), a Bolsa de Valores de São Paulo interrompeu uma sequência de quatro pregões em baixa e voltou a subir. Fechou em alta de 1,31%, indo a 136.110 pontos depois que novos dados da economia americana passaram a apontar para um crescimento mais lento. E isso aumentou as apostas de que o corte de juros seja maior nos EUA, o que atrai investidores para o Brasil.
O dólar oscilou o dia todo entre altas e baixas. Terminou fechando em leve desvalorização de 0,03%, indo a R$ 5,640. O dólar turismo foi negociado a R$ 5,850 (venda).
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O que aconteceu
O temor de uma economia menos robusta nos EUA começou ontem nos Estados Unidos. Duas leituras da produção industrial no país mostraram sinais de fraqueza e com isso as Bolsas nos EUA caíram.
As preocupações aumentaram hoje com dados da abertura de vagas no mercado de trabalho americano. O relatório Jolts, que serve como um indicador da falta ou do excedente de força de trabalho nos EUA, divulgado na manhã desta quarta, mostrou a abertura de 7,6 milhões de postos de emprego. A expectativa era de 8,1 milhões.
Depois, declarações feitas do presidente do Federal Reserve de Atlanta, Raphael Bostic, engrossaram o caldo. Em uma mensagem publicada no site do Fed de Atlanta, ele sinalizou que está pronto para começar a reduzir as taxas de juros, embora a inflação ainda esteja acima da meta do banco central.
Acredito que não podemos esperar até que a inflação realmente caia para 2% para começar a remover as restrições, porque isso arriscaria interrupções no mercado de trabalho que poderiam infligir dor e sofrimento desnecessários
Raphael Bostic, presidente do Federal Reserve de Atlanta
Nessa hora, a curva de juros americana chegou a apontar para recessão. Mas depois voltou ao normal. O lado bom disso é que quanto mais sobe o temor de uma economia dos EUA desacelerando, aumentam as apostas de um corte maior de juros pelo Federal Reserve. O Banco Central americano, conhecido por Fed, decide em duas semanas o que vai fazer com a taxa dos EUA: cortar 0,25 pontos percentuais ou 0,50.
Quanto maior o corte, melhor para a Bolsa brasileira. Mais investidores saem dos EUA para aproveitar ganhos maiores no mercado nacional.
Livro bege
Na parte da tarde foi divulgado outro dado deu pistas de que o corte de juros nos EUA pode ser maior. A atividade econômica nos EUA ficou estável ou em declínio na maioria das regiões (ou distritos) do Federal Reserve, de acordo com o relatório "Livro Bege", do banco central americano. O livro é um resumo de dados nos quais o Federal Reserve embasa suas decisões.
O número de distritos que relataram atividade estável ou em declínio aumentou. Passou de cinco para nove. Os níveis de emprego permaneceram estáveis atividade de manufatura caiu na maioria dos distritos, assim como a venda de casas, que está mais fraca.
Embraer voando
Uma das ações que mais subiram no dia foi a da fabricantes de aviões Embraer (EMBR3). Os papeis da empresa deram um salto de 5,67%, indo para R$ 49,05 depois que a gestora americana BlackRock informou ter comprado ações da empresa, passando a deter cerca de 5,49% do controle da fabricante. No ano, EMBR3 tem alta superior a 122%.
E o dólar?
O câmbio passou a favorecer o real pelos mesmos motivos que embalaram a Bolsa. Por isso, segundo Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas, empresa de ouro e câmbio, os investidores estão ansiosos pelos dados de mercado de trabalho do Payroll, que saem na sexta-feira (6). "Com ele, o mercado terá uma melhor leitura de quanto será o corte na taxa de juros. Eu particularmente acredito em 25 pontos base."
Entrada de bilhões
A expectativa de baixa de juros nos EUA tem atraído investidores para o Brasil. Em agosto, houve uma entrada de R$ 10,013 bilhões de capital estrangeiro na B3, reduzindo o saldo negativo de 2024 a R$ 26,557 bilhões. Foi o segundo mês positivo no ano. Em julho, entraram R$ 3,552 bilhões. "E essa entrada de hoje foi basicamente composta por um fluxo de investidores institucionais estrangeiros", diz Gabriel Meira, economista da Valor Investimentos.