Mantega: Foi criada uma crise artificial para desestabilizar o governo Lula
Do UOL, em São Paulo
20/12/2024 12h46
Uma crise artificial foi criada para desestabilizar o governo Lula (PT), e parte da culpa é do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou o ex-ministro Guido Mantega no UOL News, do Canal UOL, nesta sexta-feira (20).
A economia no governo Lula está indo muito bem, vários setores crescendo, indústria crescendo, investimento aumentando, consumo em um nível bastante apropriado, a inflação está sob controle e as contas externas vão muito bem.
Então, foi criada uma crise artificial, e eu acho que o Roberto Campos tem muita responsabilidade nisso (...) Foi criado um clima político adverso propositalmente.
Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda nos governos Lula e Dilma Rousseff
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No último domingo (15), o presidente Lula concedeu entrevista ao "Fantástico", da TV Globo, na qual ele reclama abertamente do mercado financeiro, que tem reagido, de forma negativa, ao pacote de ajuste fiscal sugerido por seu governo. Na entrevista, Lula atacou agentes financeiros e disse que eles "não têm que se preocupar com os gastos do governo".
Com isso, o dólar bateu recorde histórico, com cinco altas seguidas, mas recuou e fechou ontem em queda de 2,32%, influenciado pela atuação do BC (Banco Central). Apenas em 2024, a desvalorização do real frente ao dólar chega a 21%.
Ao Canal UOL, Mantega explicou os motivos que teriam causado a alta recorde do dólar no Brasil, e qual seria a parcela de culpa de Campos Neto.
Houve uma tendência mundial de valorização do dólar porque os juros do Fed (banco central dos Estados Unidos) estavam elevados e tudo mais. Mas no Brasil há uma anormalidade nesse sentido. No Brasil, você teve uma desvalorização do real muito maior do que a desvalorização das moedas dos outros países.
E eu acho que o Roberto Campos [Neto] estava dando corda para isso. O Roberto Campos começou dizendo que havia um descontrole fiscal no Brasil. Então ele puxou um pouco esse cordão desde abril deste ano. E, portanto, os mercados ficaram atentos, sabendo que os indicadores econômicos iriam piorar aqui no Brasil.
Então, não sei se ele não permitiu, mas não quis fazer intervenção e deixou o câmbio chegar a um patamar muito elevado. Eles começaram a fazer intervenção no Banco Central só há duas semanas, o resto ficou livre.
Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda nos governos Lula e Dilma Rousseff
Campos Neto é 'Cavalo de Troia' do governo Bolsonaro, diz Mantega
No UOL News, Mantega afirmou que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, é tido como "Cavalo de Troia" do governo de Jair Bolsonaro (PL).
Não tenho a menor dúvida disso [que a proximidade política dele com bolsonaristas contaminou a sua gestão à frente do Banco Central], porque ele é um cavalo de troia do governo Bolsonaro. Ele foi indicado pelo governo Bolsonaro, ele teve um desempenho diferente no governo Bolsonaro do que no governo Lula.
Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda nos governos Lula e Dilma Rousseff
A expressão "Cavalo de Troia" é usada para se referir a uma estratégia para enganar o inimigo e tem origem na história do cavalo de madeira enviado de presente pelos gregos aos troianos com soldados escondidos durante a Guerra de Troia.
Campos Neto foi indicado pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) para comandar o Banco Central, em 2019. Ele será substituído a partir de 2025 pelo economista Gabriel Muricca Galípolo, de 42 anos, indicado por Lula.
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