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N5X quer construir um mercado de atacado maduro de negociação de energia

Claudia Varella

Colaboração para o UOL, em São Paulo

11/09/2024 12h00

A CEO da N5X, Adriana Barbosa diz que a meta da empresa é construir um mercado de atacado maduro de negociação de energia no Brasil. Hoje, o mercado de energia é bilateral. "São negociações entre uma geradora e uma comercializadora, uma comercializadora e um consumidor final. E a gente trouxe, então, na nossa plataforma, mais segurança jurídica e mais digitalização para formalizar essas negociações", afirmou ela ao "UOL Líderes", videocast do UOL Economia que entrevista líderes do mundo empresarial.

Nosso grande objetivo é conseguir construir um mercado de atacado maduro de negociação de energia, a exemplo do que a gente vê nesses países que passaram por um processo de liberalização desse mercado.
Adriana Barbosa, CEO da N5X

Nesse mercado de atacado maduro, é muito importante a gente ter uma preocupação em relação a essa gestão de garantia centralizada.
Adriana Barbosa, CEO da N5X

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A N5X, que começou a operar em junho deste ano, é a Bolsa de energia brasileira. É um sistema semelhante ao da Bolsa de Valores do mercado financeiro. Nasceu de uma parceria entre a B3 (a Bolsa de Valores brasileira) e o Grupo EEX, que engloba a Bolsa de Energia Europeia com sede na Alemanha. A operação é destinada a empresas fornecedoras e consumidoras participantes do mercado livre de energia.

Mercado de risco de crédito

No momento, o mercado de negociação de energia no Brasil é um mercado físico. É um contrato de compra e venda de energia elétrica.

Empresa "ressuscita" a boleta. Para facilitar as transações de compra e venda de energia, a N5X tem um contrato padrão para formalizar o interesse das partes, que foi batizado de "boleta", em uma referência à boleta do mercado financeiro (uma ferramenta que era usada para realizar operações de compra e venda de ativos na Bolsa de Valores). "Já começa essa inspiração [na Bolsa de Valores], e trazendo políticas, processos, gestão de risco, produto, a exemplo do que a gente viu se desenvolver no mercado financeiro", afirma.

Queremos nos tornar uma clearing [setor da Bolsa que faz a validação do negócio para as partes envolvidas]. Uma das coisas que a gente percebeu hoje no mercado brasileiro é a importância de a gente ter uma gestão de risco centralizada.
Adriana Barbosa, CEO da N5X

Na entrevista, Adriana diz que o processo de negociação é um mercado de risco de crédito também. "Por que é um mercado de risco de crédito? Porque essas negociações são bilaterais. Então, se eu vou fazer um contrato com uma comercializadora, eu vou vender energia para ela, eu preciso ali entender se eu posso dar crédito para ela ou não, em qual período, se eu posso dar para o ano seguinte ou também para daqui dois, três anos a mais", afirma.

Cada vez mais, as empresas estão pedindo garantias. "Elas estão subindo a barra dessas negociações e da maneira como que se é negociado. Então, queremos ser uma contraparte central, queremos ser uma clearing para conseguir fazer um modelo eficiente de gestão de risco que torne este mercado mais líquido", diz a CEO da N5X.

Daí, você não precisa se importar com quem você vai estar negociando, quem está do outro lado da ponta e se tem crédito ou não. Ele se torna um mercado com uma gestão de risco centralizada e multilateral.
Adriana Barbosa, CEO da N5X

Como a empresa foi criada

O projeto da N5X teve uma etapa de pré-concepção. "Nessa etapa de pré-concepção, eu, com os acionistas, o conselho de administração da N5X e um time de especialistas, fomos entender o que deveria ser um roadmap de desenvolvimento do mercado brasileiro de energia elétrica", afirma ela, na entrevista.

Em outubro de 2023, começaram as conversas bilaterais. "Foi quando a gente começou a sentar com instituições financeiras que já atuam com comercialização de energia, com as grandes geradoras, com os grandes consumidores, com as comercializadoras, para entender se aquela visão que a gente tinha, aquele roadmap de desenvolvimento do mercado, fazia sentido, e validar isso. E trazê-los para dentro da N5X, praticamente, para desenhar as soluções com a N5X, com o Grupo EX, com os nossos acionistas, para a gente conseguir alavancar conhecimento", diz.

Então, na nossa primeira jornada para fazer a plataforma ir ao ar, com a nossa primeira solução, ali a gente entendeu que faria muito sentido a gente facilitar a formalização das negociações bilaterais que acontecem hoje nesse mercado.
Adriana Barbosa, CEO da N5X

Consumidor vai escolher de quem comprar energia

Até 2030, os consumidores poderão escolher de quem comprar energia. "Cada vez mais as pessoas vão poder ter a oportunidade de escolher de quem comprar energia elétrica", declara Adriana. Esse é um movimento similar com o início da abertura do mercado de telecomunicações, na década de 1990.

A nossa expectativa é de que o Brasil rume para uma liberalização, a exemplo do que aconteceu em outros países, até 2030.
Adriana Barbosa, CEO da N5X

Quem atua no mercado livre de energia? Basicamente, são três figuras: as grandes geradoras de energia, as comercializadoras e os consumidores.

Uso de inteligência artificial. Na entrevista, Adriana diz que, com essa abertura de mercado, há um esforço das comercializadoras para se estruturarem a fim de conseguir atender o usuário final.

As empresas estão se estruturando para conseguir atender esse usuário final, a exemplo do que passaram outros segmentos. E inteligência artificial claramente consegue facilitar esse processo, não só do ponto de vista de trazer uma experiência melhor, mas também trazer uma experiência assertiva.
Adriana Barbosa, CEO da N5X

Apagões e eventos climáticos

Investimentos para garantir a oferta de energia. Após o apagão nos anos 2000 no Brasil, foi preciso desenvolver estratégias no mercado brasileiro para enxergar a questão da disponibilidade de energia elétrica. "Hoje, a gente opera em um modelo que garante que tem energia sendo gerada. Foi feito muito investimento para conseguir desenvolver o lado da oferta", afirma.

A matriz energética brasileira é, majoritariamente, hidrelétrica. "A gente tem uma alta influência das chuvas na nossa geração, diferente de outros países. Mas é uma preocupação muito grande e é um setor extremamente relevante para o nosso dia a dia e para a nossa economia. O desenvolvimento feito nos últimos anos, o investimento em garantir essa oferta é bastante relevante para o nosso mercado", declara.

A N5X está de olho em outros produtos ambientais. "[É em] Crédito de carbono e outros produtos que o mercado está cada vez mais interessado, e as empresas estão cada vez mais preocupadas em conseguir e se preocupam com a sua pegada ambiental", diz.

Veja a entrevista completa

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