Piccadilly foi precursora em lançar sapatos sem origem animal, diz CEO
Claudia Varella
Colaboração para o UOL, em São Paulo
20/11/2024 12h00
A Piccadilly não usa matéria-prima de origem animal, como couro, em seus calçados desde 2008. A CEO, Cristine Grings, diz que a companhia é precursora nessa iniciativa. Ela foi convidada do "UOL Líderes", videocast do UOL Economia que entrevista líderes do mundo empresarial.
Hoje em dia, isso é algo até muito mais comum. A maioria do calçado brasileiro não usa mais couro. Mas lá atrás, quando a Piccadilly foi precursora nessa iniciativa, foi algo totalmente inovador e, por ser inovador, disruptivo.
Cristine Grings, CEO da Piccadilly
Ela diz que a companhia buscou um material tecnológico de origem não animal. "Iniciamos a produção de um calçado com uma matéria-prima alternativa. Nos orgulhamos muito de termos sido precursores nisso, em função de tudo de positivo que agrega em termos de olhar de sustentabilidade", declara ela, na entrevista.
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A tecnologia tem evoluído muito, permitindo que essas matérias-primas possam oferecer cada vez mais benefícios para consumidora; fora todos os benefícios de sustentabilidade que oferece.
Cristine Grings, CEO da Piccadilly
Ainda há um público cativo ao couro. "Mas esse certo preconceito com o não uso do couro tem se quebrado muito ao longo do tempo. As pessoas estão com uma consciência socioambiental muito maior também, e isso acaba sendo um benefício", diz Cristine.
A Piccadilly foi criada em 1955, em Igrejinha (RS). O nome da companhia foi inspirado na praça Piccadilly Circus, em Londres, na Inglaterra. Atualmente, a Piccadilly é uma das maiores empresas do país no setor calçadista feminino. Seus produtos são vendidos em mais de 21 mil pontos de vendas no Brasil e no mundo, incluindo franquias, lojas exclusivas e multimarcas.
A empresa tem duas unidades fabris, uma sede corporativa e dois centros de distribuições. Todos no Rio Grande do Sul. Produz cerca de 40 mil pares de calçados por dia. Em 2023, a Piccadilly faturou R$ 597,6 milhões, um crescimento de 15% em relação ao ano anterior.
Automação da produção
Grande volume da produção da Piccadilly ainda depende do manuseio humano. "Houve uma evolução, obviamente. A evolução é muito mais de troca para um maquinário melhor, que nos traz uma maior eficiência por ser mais produtivo, veloz e seguro. Mas não, necessariamente, por eliminar o uso da matéria-prima humana", afirma.
Temos um processo de automação, mas ele ainda é muito pequeno. Há empresas, algumas poucas, que conseguem automatizar o processo produtivo do calçado, mas isso é possível apenas quando se faz em larguíssima escala um mesmo tipo de produto.
Cristine Grings, CEO da Piccadilly
Ela diz que a Piccadilly tem um volume muito grande de SKUs. "São muitos itens distintos pela diversidade da nossa coleção. Então, a gente tem muitos setups no processo produtivo. Por conta disso, não é viável automatizar o processo. Portanto, a mão de obra humana acaba sendo fundamental para a gente ainda", afirma.
Setup é quando a gente começa e para um processo, faz a troca de um modelo específico de um produto para um novo modelo e recomeça o processo. A necessidade desses vários setups não te dá uma continuidade que viabilize essa automação.
Cristine Grings, CEO da Piccadilly
A Piccadilly tem em torno de 300 modelos. "Cada modelo tem uma variação de cores, de materiais. Então, a gente fala de 2.000, 3.000, 5.000 SKUs diferentes sendo produzidos", diz.
Busca por conforto
Mulheres mais jovens buscam conforto. Cristine diz que, durante o processo de rejuvenescimento da marca, a empresa percebeu que as mulheres mais jovens estão em busca de conforto, principalmente após a pandemia.
A pandemia potencializou isso demais. Eu digo assim: 'as pessoas foram jogadas no conforto'. Quem não usou pantufa, chinelo, roupa de moletom na pandemia? Então, após a pandemia, as pessoas não querem mais abrir mão de conforto. Houve uma mudança efetiva de comportamento de consumo.
Cristine Grings, CEO da Piccadilly
Uma das ações de rejuvenescimento da marca foi a collab com a Barbie. Este foi o primeiro licenciamento da história da Piccadilly. "Foi um sucesso ímpar. Permitiu a Piccadilly ser percebida por consumidoras que talvez não conhecessem a marca ainda. Nos levou para o lugar mais nobre da vitrine das lojas", declara ela, na entrevista.
Calçados funcionais
A empresa tem linha de calçados funcionais. Uma tecnologia desenvolvida pela Piccadilly para uma linha de calçados femininos estimula a circulação sanguínea, previne varizes e inchaços e alivia dores. A linha é a Piccadilly Maxi.
A gente tem, através dessa tecnologia, uma manta que emana raios infravermelhos longos e, através desses raios, ajuda na circulação sanguínea, na prevenção de varizes, no cansaço. Enfim, então é uma tecnologia incrível.
Cristine Grings, CEO da Piccadilly
Veja a entrevista completa