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Voa Brasil vendeu menos de 1% de passagens, mas tem papel social importante

Voa Brasil foi lançado em julho deste ano Imagem: 15.set.2015 - John Gress/Corbis via Getty Images

Do UOL, em São Paulo

02/10/2024 05h30

Os aposentados compraram mais de 10 mil passagens em 50 dias de Voa Brasil. Apesar de o dado representar menos de 1% de todas as passagens disponibilizadas pelo programa em dois meses de funcionamento, especialistas ouvidas pelo UOL afirmam que o Voa Brasil tem papel essencial para permitir que mais pessoas tenham acesso ao turismo e que pode ser considerado bem-sucedido até o momento.

Dados do programa

Voa Brasil diz que foram reservadas 10 mil passagens para 68 municípios. As passagens são vendidas por até R$ 200 e plataforma recebeu mais de 150 mil acessos de aposentados, segundo o Ministério de Portos e Aeroportos. Nesta primeira fase, programa está disponível apenas para aposentados do INSS que não tenham viajado de avião nos últimos 12 meses.

Principais destinos são Paulo, Ceará, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco. Do total, 45% dos voos foram para o Sudeste e 40% para o Nordeste.

Veja os 10 destinos mais procurados:

  • São Paulo (SP)
  • Rio de Janeiro (RJ)
  • Fortaleza (CE)
  • Recife (PE)
  • Salvador (BA)
  • Brasília (DF)
  • Belo Horizonte (MG)
  • Natal (RN)
  • João Pessoa (PB)
  • São Luís (MA)

Desempenho do programa

Programa é um sucesso. Esta é a visão de Carla Beni, economista e professora de MBAs da FGV, e Ana Carolina Medeiros, presidente da ABAV Nacional (Associação Brasileira de Agências de Viagens). Para Beni, é necessário olhar mais do que o número de passagens vendidas pelo programa para considerar se ele está sendo bem-feito ou não.

Voa Brasil vendeu 0,33% do total de passagens disponíveis. O governo anunciou 3 milhões de passagens ao programa e foram reservadas mais de 10 mil. Avaliar apenas o número não é suficiente neste caso, segundo Beni.

Quando fazemos uma análise econômica precisamos entender que a economia é uma ciência social. Estamos falando de 10 mil pessoas que estão voando e que não faziam isso antes. Quando pega esse volume, imagina a quantidade de histórias e experiências que essas 10 mil pessoas, que são aposentadas, que não voavam há 12 meses, estão tendo.
Carla Beni, economista da FGV

Era esperado que percentual fosse baixo no início do programa. Beni diz que os aposentados precisam se planejar e que os custos de uma viagem são maiores do que a passagem a R$ 200, como hospedagem, transporte no local e alimentação. Cerca de 60% dos aposentados e pensionistas recebem até um salário mínimo de aposentadoria, diz Beni.

Essas pessoas estão voando, visitando outras cidades, estados. Esse pacote de experiências que essas pessoas estão tendo é real, é concreto. Sob essa ótica, o programa está sendo muito importante, porque ele permite que pessoas que não tinham condições de viajar passassem a ter. A viagem é importante para rever pessoas ou por turismo propriamente, que é quase um direito.
Carla Beni, economista da FGV

Beni defende a inclusão de outros grupos no programa. No em evento de lançamento do Voa Brasil, em julho, o governo prometeu uma segunda fase destinada a estudantes do ProUni e Pronatec, mas não há previsão de início.

Setor de turismo também ganha. Medeiros defende que o Voa Brasil faz com que pessoas que não tinham acesso às viagens passem a ter e que tem um retorno positivo ao turismo como um todo.

Companhias aéreas só ganham com Voa Brasil. As passagens destinadas ao programa são determinadas pelas empresas. Caso o aposentado desista de viajar, as companhias não são obrigadas a reembolsar os R$ 200 da passagem.

O governo ganha politicamente por ter lançado o programa e as empresas não perdem nada. Aquele assento estatisticamente estava ocioso. Então ocioso ou por R$ 200, a companhia está no lucro, continua se divulgando e se a pessoa cancelar não tem dinheiro de volta. Ninguém está perdendo, ninguém está pagando por isso.
Carla Beni, economista da FGV

Quem tem direito ao Voa Brasil

Primeira fase é destinada a aposentados do INSS. Podem comprar apenas os beneficiários que não viajaram nos últimos 12 meses. Cada beneficiário terá direito a dois bilhetes aéreos por ano. O governo federal afirma que cerca de 23 milhões de pessoas terão direito à passagem por R$ 200.

Controle de venda de passagens será feito na hora de acesso ao site. Se a pessoa não for aposentada ou for, mas tiver viajado nos últimos 12 meses, aparecerá uma mensagem na tela dizendo que ela não é elegível ao programa. O cruzamento de dados vai considerar as informações do gov.br com a Polícia Federal.

Segunda fase deve ser destinada a estudantes. O ministro Costa Filho afirma que a nova etapa será destinada a estudantes do ProUni e Pronatec, mas não informou quando isso vai acontecer.

Governo afirma que não há subsídio federal para o programa. O programa funciona com base na liberdade de oferta das companhias aéreas, segundo o governo, e que não vai gerenciar rotas, datas, horários e assentos que serão ofertados no programa.

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