Bolsa cai e dólar vai a R$ 5,69 com PIB da China e queda do petróleo

A Bolsa de Valores de São Paulo fechou nesta sexta-feira (18) no negativo, com baixa de 0,19%. O Ibovespa foi a 131.359 pontos. Dados de setembro da economia chinesa mostram que as medidas de estímulo propostas pelo governo local começaram a surtir algum efeito. Mas o desânimo com o PIB do país — no pior nível em 18 meses — e com a queda do petróleo acabaram puxando o índice da Bolsa para baixo.

O dólar subiu 0,68%, indo a R$ 5,698 — maior patamar desde 2 de agosto. Na semana, a moeda americana teve alta de cerca de 1,56%. E em outubro, acumula ganhos de 4,86%. No ano, a valorização é de 17,92% (com dados da Economatica). O dólar turismo ficou em R$ 5,90.

O que aconteceu

A China divulgou nesta sexta-feira (18) o pior resultado de crescimento trimestral em um ano e meio. Mesmo com a série de medidas para estimular o consumo e o setor imobiliário, o Produto Interno Bruto (PIB) do país entre julho, agosto e setembro cresceu 4,6% em termos anuais.

O número veio abaixo do trimestre anterior (4,7%), mas acima da estimativa de 4,5%. E ainda conseguiu ser mais fraco que o PIB do início de 2023, quando a China começava a flexibilizar as severas medidas contra a covid-19.

Início de virada?

No entanto, os números de setembro indicam melhora. As vendas no varejo, por exemplo, aumentaram em setembro. O principal indicador do consumo das famílias teve avanço de 3,2% em termos anuais, após o resultado de 2,1% em agosto, o que representa um sinal promissor. A estimativa era de 2,5%.

O índice de desemprego nas áreas urbanas caiu para 5,1% no mês passado, contra 5,3% em agosto. A produção industrial cresceu 5,4% e superou a previsão de 4,6%. "Apesar de alguns indicadores da China terem vindo acima das expectativas, como a produção industrial e as vendas no varejo, o mercado ainda está cético quanto ao potencial de recuperação sustentável do país, o que afeta diretamente setores como mineração e petróleo", disse Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital.

Por que esses números importam?

A China é a maior compradora dos produtos de exportação do Brasil. Além disso, muitos setores da economia mundial dependem de uma atividade chinesa azeitada para andar bem, como o petróleo.

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Petrobras

Com a queda de 2% hoje, os preços do petróleo recuaram 8% na semana. Preocupações com a demanda fraca pela China e alimentadas negativamente por dados da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) fizeram a cotação cair. O valor do petróleo já acumula queda de 10% em 2024 e pode desabar se a Arábia Saudita elevar a oferta.

Com isso, as ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) andaram para trás. PETR3 foi a R$ 40,29, caindo 0,74%, enquanto PETR4 encolheu 0,46%, chegando a R$ 36,76. Na semana, as perdas são de 2,79% para PETR3 e de 2,29% para PETR4. Os dados são preliminares, junto com informações da Economatica.

Dólar

Os números positivos da economia chinesa ajudaram moedas emergentes hoje. "Quase todas as moedas emergentes subiram frente ao dólar americano", disse Marcio Riauba, gerente da mesa de operações do banco de câmbio StoneX.

Mas o real foi a exceção. A moeda americana saiu da casa de R$ 5,40 no fim de setembro para fechar a R$ 5,69 esta semana. Os especialistas dizem que há um ingrediente a mais fazendo pressão para que a moeda americana suba, em vários países: o risco Trump.

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As maiores chances de Donald Trump, candidato do Partido Republicano de vencer as eleições presidenciais dos Estados Unidos ajudam a elevar a moeda. O risco de Trump vencer faz o valor da divisa aumentar, já que ela é um investimento considerado seguro. Além disso, a falta de dinâmica da economia chinesa e a possibilidade do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de não cortar juros em novembro põem mais lenha na fogueira.

No Brasil, entretanto, pesa ainda o risco fiscal nessa conta. A Instituição Fiscal Independente (IFI), órgão vinculado ao Senado Federal, projetou um aumento de 12,4% na dívida bruta até 2026, estimando que a dívida pública alcance 84,1% do PIB até o fim do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Atualmente, está em 78,6%. "O mercado aguarda novas sinalizações do governo para entender como será possível o cumprimento da meta do arcabouço fiscal", disse Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas.

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