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Bolsa cai e dólar sobe para R$ 5,82 com mercado cheio de incertezas

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL

01/11/2024 10h20Atualizada em 01/11/2024 13h01

A Bolsa de Valores de São Paulo trabalha nesta sexta-feira (01) em baixa. Por volta de 13h, o Ibovespa caía 0,65%, para 128.876 pontos.

O dólar sobe 0,81% para R$ 5,829. O dólar turismo é vendido a R$ 6,04.

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Apesar da divulgação de dados de mercado de trabalho nos EUA benéficos para o Brasil, os investidores estão mais preocupados com o cenário doméstico.

O que está acontecendo?

Bolsa e dólar hoje repercutem hoje as incertezas do mercado. Na quarta-feira (6), o Banco Central do Brasil define a nova taxa Selic e a expectativa é de aumento. No mesmo dia, saem os novos juros americanos e o resultado das eleições nos Estados Unidos, que acontecem no dia 5. "No momento em que a inflação está subindo e o governo vai adiando cada vez mais o anúncio sobre cortes de despesas, o mercado não vê nenhuma definição. Então a Bolsa cai e o dólar continua subindo", diz Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank.

O mercado esperava para depois da eleições municipais a divulgação de um pacote de corte de gastos. Mas o governo ainda não tem data ou detalhes sobre essas medidas.

Então, o cenário interno vem preocupando mais os investidores que o externo. É o que diz Vito Agnelo, analista educacional da CM Capital. "O dado de emprego dos EUA é um sinal positivo e favorável. Mas a preocupação interna com relação ao déficit fiscal e aos gastos públicos está preocupando mais o investidor do que o clima externo, que vem se desenhando cada vez mais favorável para o fluxo de investimento mundial voltar para às economias emergentes", diz ele.

A criação de vagas em outubro nos EUA desacelerou para seu ritmo mais fraco desde o final de 2020, com o impacto dos furacões Helene e Milton e da greve da Boeing. As vagas medidas pelo dado de folha de pagamento não agrícolas — o chamado Payroll — aumentou apenas em 12 mil postos no mês. É uma queda acentuada em relação a setembro (geração de 254 mil postos) e abaixo da estimativa do mercado de 100 mil vagas, segundo o Bureau of Labor Statistics, nesta sexta.

Por que isso importa?

O Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) usa esse dado, além de outros indicadores, para definir os juros americanos. Na próxima quarta (6), sai a nova taxa. Se ela cair, é bom para o Brasil. Caso baixe pouco ou fique estável, é ruim, pois o capital de investidores do mundo todo permanece aplicado no Tesouro americano (que paga esse juro), em vez de vir para mercados mais arriscados, como o brasileiro.

Mas o dado surpreendeu o mercado e aumentou as esperanças de um corte maior. "O dado veio muito abaixo do esperado mesmo. Logo que o dado saiu, o dólar despencou no mundo e os índices internacionais subiram bem com a expectativa de uma queda maior nas taxas de juros dos Estados Unidos", diz Rodrigo Cohen, analista de investimentos e cofundador da Escola de Investimentos. A expectativa, até agora, era de um corte de 0,25 ponto percentual ou manutenção da taxa. "Mesmo considerando os impactos do furacão e da greve, que já se imaginava que seriam significativos, é ainda um número bastante baixo de geração de vagas", diz Leonel Mattos, analista de inteligência de mercado da StoneX.

Então, temendo que o mercado de trabalho possa estar estagnando, o Fed pode fazer um corte de 0,50 ponto percentual, como aconteceu em setembro. A taxa atual está entre 4,75% e 5,00% — que é muito alta.

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