Bolsa oscila e dólar fecha quase estável após dados dos EUA

O dólar oscilou bastante nesta quinta-feira (14), véspera de feriado e fechou em estabilidade. A Bolsa de Valores de São Paulo entra em sua última hora de negociação oscilando novamente. O mercado continua ansioso pelo pacote de corte de gastos e repercute a notícia, divulgada na imprensa, de que o Ministério da Fazenda indicou ao Congresso a possibilidade de economizar R$ 70 bilhões ao longo dos próximos dois anos.

No câmbio, a moeda americana chegou a desvalorizar depois de divulgados números de pedidos de auxílio desemprego nos Estados Unidos abaixo da previsão de analistas. Mas pressões internacionais acabaram anulando esse efeito e a moeda terminou o dia praticamente no zero a zero.

O que está acontecendo

O dólar comercial oscilou o dia todo e fechou praticamente estável, com leve alta de 0,01%, vendido a R$ 5,790. O turismo terminou a quinta vendido com desvalorização de 0,49%, para R$ 6,001.

Por volta de 17h, a Bolsa de Valores de São Paulo subia 0,04%. O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, valoriza para 127.785 pontos.

A Bolsa foi para o positivo e dólar começou a cair depois da divulgação do número de pedidos de auxílio desemprego nos Estados Unidos. O total baixou 4 mil requisições na semana encerrada em 9 de novembro, para 217 mil, segundo pesquisa divulgada pelo Departamento do Trabalho americano. O resultado veio abaixo da previsão de analistas, que esperavam alta a 224 mil.

Esse dado pode ajudar o Federal Reserve a fazer cortes de juros antes de o governo de Donald Trump começar, em 20 de janeiro. Isso acabou animando alguns investidores.

Mas outro indicador também publicado hoje, o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, deixou parte do mercado confusa. O PPI subiu 0,2% em outubro ante setembro. O resultado veio em linha com a projeção do mercado. Na comparação anual, o PPI avançou 2,4% em outubro. O consenso era de aumento de 2,3%.

O problema é que os dois dados são conflitantes. Após a publicação da alta dos preços ao produtor, alguns investidores elevaram as apostas de que talvez banco central dos Estados Unidos deixe de reduzir novamente os juros no próximo mês.

Um alívio nos juros nos EUA poderia fazer os investidores voltarem ao Brasil. Eles deixariam o Tesouro americano para aplicar nas altas taxas brasileiras.

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Dados do BC

Já o IBC-BR veio bem acima da expectativa do mercado. Na comparação com o mesmo mês de 2023, o índice teve alta de 5,1%, enquanto no acumulado em 12 meses passou a um ganho de 3,0%, de acordo com números observados. É uma boa notícia, mas pode representar uma ameaça de inflação também. Preços em alta acabam elevando os juros, que espantam os investidores do mercado de renda varável, que saem em busca de outras aplicações.
Mas o investidor já começa a achar essa possibilidade interessante. "Esse desempenho do IBC-BR reflete um crescimento moderado da economia, o que, por sua vez, reforça a expectativa de continuidade do ciclo de aperto monetário no país. Com mais inflação e a Selic elevada, o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos pode aumentar ainda mais, atraindo investimentos estrangeiros para ativos brasileiros, principalmente os considerados mais seguros. Esse movimento traz hoje alívio para o real", diz Diego Gardi, gerente comercial e analista da B&T Câmbio.
As duas teses -- a do diferencial de juros e a da inflação prejudicando o mercado -- puxam cada uma o dólar para seu terreno e daí vem a oscilação. E tem o feriado também. "O feriado da Proclamação da República amanhã faz os investidores optarem por não passarem esses dias posicionados (aplicados) sob o risco de uma correção lá fora penalizar o mercado local na segunda-feira (18)", explica Idean Alves, planejador financeiro e especialista em mercado de capitais.

Risco Fiscal

O que tem realmente animado os investimentos nesta quinta são as notícias sobre o pacote de corte de gastos. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, teria indicado ao Congresso um pacote de R$ 70 bilhões de reais em corte de gastos ao longo dos próximos dois anos. A informação é da revista Veja. Seriam cerca de R$ 30 bilhões em 2025 e o restante no ano seguinte.

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Segundo a revista, o Ministério da Defesa vai entrar no pacote, mas só a partir de 2026. Isso porque alterações profundas no orçamento das Forças Armadas devem ser feitas por meio de Proposta de Emenda à Constituição (PEC) e não haveria tempo aprovação.

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