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China critica lei comercial dos EUA e diz que não ajustará yuan

07/03/2012 12h41

PEQUIM, 7 Mar (Reuters) - Uma lei comercial norte-americana taxando importações chinesas é contrária a regras internacionais e Pequim não ajustará o valor de sua moeda para tentar resolver um deficit comercial que é problema de Washington, afirmou nesta quarta-feira (7) o ministro do Comércio da China, Chen Deming. 

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, está prestes a sancionar uma lei que permite a imposição de tarifas a produtos subsidiados da China e do Vietnã, medida que, segundo a Casa Branca, protegerá os empregos dos norte-americanos. 

"Seguimos as regras da OMC (Organização Mundial do Comércio), mas não temos obrigação de seguir leis ou regulações domésticas de qualquer país específico que vão além de regras internacionais", disse o ministro chinês em uma entrevista coletiva às margens do encontro anual do Parlamento. 

Ele disse que a China fez um trabalho melhor que os Estados Unidos para trazer equilíbrio ao comércio global, puxando para baixo o seu superávit comercial, a 2,1% da produção econômica em 2011, enquanto o deficit comercial dos Estados Unidos foi de 4,8% de seu Produto Interno Bruto (PIB). 

Chen disse que está claro que os Estados Unidos têm a responsabilidade de acabar com seu próprio deficit. 

"Por que os Estados Unidos tiveram um déficit comercial total de US$ 700 bilhões? Por que a China teve um superavit comercial total de apenas US$ 150 bilhões, mas de US$ 200 bilhões com os Estados Unidos?", respondeu Chen retoricamente a uma pergunta de um jornalista. 

"Todo homem, livre de preconceito e armado com senso econômico comum pode chegar à conclusão correta", acrescentou Chen. 

Os comentários de Chen vêm um dia após o Congresso dos Estados Unidos aprovar a lei que Obama está prestes a sancionar. Uma corte dos Estados Unidos decidiu em dezembro que o Departamento do Comércio dos Estados Unidos não tem autoridade para impor tarifas de compensaçào -ou anti-subsídio- sobre produtos de países não considerados como "economias de mercado". 

As importações norte-americanas da China atingiram um recorde de US$ 399,3 bilhões em 2011. Washington disse que o deficit dos Estados Unidos com a China alcançou um recorde de US$ 295 bilhões, mas dados da China mostraram superavit de apenas US$ 202 bilhões. A China diz que a diferença é causada pela metodologia estatística dos Estados Unidos, que inclui parte dos dados comerciais de Hong Kong nos cálculos. 

O superavit comercial total da China encolheu 15% em 2011 ante 2010, para US$ 155 bilhões, principalmente por causa da queda da demanda de seus dois principais mercados, com a União Europeia prejudicada pela crise da dívida e com os gastos do consumidor dos Estados Unidos abaixo da média.