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Brasil capta US$ 1,25 bi e paga menor juro da história

05/09/2012 18h28

BRASÍLIA, 5 Set (Reuters) - O Brasil captou de US$ 1,25 bilhão com a emissão de um bônus Global com vencimento em 2023, pagando o menor rendimento da história para um título de dez anos, e abrindo caminho para empresas nacionais melhorarem suas condições de financiamento no exterior.

JUROS BAIXOS MOSTRAM CONFIANÇA NO PAÍS

Os países vendem bônus ou títulos da dívida para conseguir dinheiro para suas despesas. É uma espécie de empréstimo que os governos fazem com investidores do mundo todo. Em troca, os países prometem remunerar esses títulos com juros no futuro.

Quando um país está firme economicamente, os juros a pagar para os investidores são baixos, porque há uma grande confiança de que o compromisso será cumprido e o dinheiro devolvido.

Se o país está em crise, os investidores só compram esses títulos quando os juros são muito altos, para compensar o risco de um calote.

O cupom (juros) do bônus Global 2023 foi de 2,625%, e o título foi vendido a 99,456% do valor de face, informaram os bancos líderes da operação. Com isso, o bônus brasileiro ofereceu um rendimento (yield) de 2,686% ao ano.

Na continuidade da operação, o papel poderá ser ofertado também no mercado asiático no montante de até 10% do captado nos Estados Unidos e na Europa

A demanda pelos bônus brasileiros teria chegado a US$ 4,5 bilhões, de acordo com o IFR, um serviço da agência Thomons Reuters. 

A emissão feita nesta quarta-feira é a primeira após o lançamento em abril de bônus Global em reais no montante de R$ 3,15 bilhões. Na época, em contexto de valorização da moeda brasileira, o governo avaliou que o investidor estrangeiro interessado em títulos do país poderia ter a opção de adquirir um papel denominado em real no exterior, sem que houvesse necessidade de internalizar os recursos.

Curva de juros favorável

A última emissão de bônus em dólar ocorreu no início de janeiro no montante de US$ 825 milhões por meio do Global 2012. O papel foi oferecido nos mercados americano, europeu e asiático, e ofereceu um rendimento de 3,449% ao ano, até então o menor já registrado nas emissões externas.

Em entrevista na última sexta-feira, o secretário do Tesouro, Arno Augustin, disse que o objetivo da nova emissão, realizada nesta quarta-feira, "é ter uma curva soberana de juros a melhor possível para nossas empresas se financiarem no exterior".

Augustin lembrou que as empresas brasileiras não estão excessivamente endividadas em moeda estrangeira.

"Na crise de 2009, esse foi talvez o maior mecanismo de transmissão da crise e felizmente nessa crise isso não foi tão forte."

Para o secretário, o baixo endividamento em moeda estrangeira abre espaço para as empresas do país se financiarem no mercado externo.

"Essa é outra fonte que além do BNDES que a gente espera: títulos do setor privado no exterior".

A dívida externa total atingiu em julho R$ 88,411 bilhões, dos quais R$ 58,442 bilhões correspondem a bônus Global denominados em dólar. Já os papéis denominados em real somam R$ 13,291 bilhões.