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Intenção de compra em São Paulo tem maior queda anual desde 1999

Vivian Pereira

Da Reuters, em São Paulo

03/10/2012 13h55

A diminuição da renda disponível para gastos, somada a um cenário de menor otimismo e aumento da inadimplência, resultou em forte redução na intenção de compras dos consumidores no quarto trimestre, o mais importante para as vendas no varejo.

O índice de consumidores da cidade de São Paulo que pretendem comprar bens duráveis no atual trimestre caiu 22 pontos percentuais ante igual período em 2011, para 56%, na maior queda anual desde 1999, segundo pesquisa divulgada nesta quarta-feira (3).

No quarto trimestre do ano passado, o nível de intenção de compra havia sido o maior da série, de 78%, segundo dados do Programa de Administração do Varejo (Provar) da Fundação Instituto de Administração (FIA), apurados em parceria com a consultoria Felisoni.

"Estamos voltando este ano a patamares anteriores ao movimento otimista no ânimo dos consumidores, que catapultou o consumo", disse o presidente do conselho do Provar, Claudio Felisoni de Angelo, sobre o período de forte crescimento iniciado em meados de 2007.

Datas comemorativas

Já em relação ao terceiro trimestre, houve alta de 2,2 pontos percentuais no número de consumidores que pretendem fazer compras nos três últimos meses deste ano, período favorecido por datas como Dia das Crianças e Natal.

"Será um Natal mais fraco (que o do ano passado)", assinalou Felisoni. A categoria Vestuário e Calçados apresentou a maior intenção de compra no atual trimestre, com 26,6 % do total, seguida por Viagem e Turismo (12,4%) e Informática (10,8%).

Em contrapartida, Cine e Foto, Automóveis e Motos, e Eletroportáteis registraram as menores intenções de compra. A pesquisa mostrou ainda que no comércio eletrônico a intenção de compra no quarto trimestre caiu 0,9 ponto percentual ante o terceiro, para 85,8 %. Na comparação com um ano antes, a queda foi de 0,5 ponto.

Medidas de incentivo

Apesar do menor otimismo dos consumidores, as medidas de estímulo à economia adotadas pelo governo federal desde o fim de 2011 contribuíram para um melhor desempenho do setor. "Se o governo não tivesse estimulado a economia, este ano teríamos crescimento de vendas menor", disse Felisoni, citando estimativa de que as vendas no varejo ampliado cresçam 8,4% no fechado deste ano, após alta de 7% em 2011.

Segundo ele, os segmentos que receberam incentivos têm respondido por 45% das vendas totais. Felisoni ressaltou, contudo, a possibilidade de a inadimplência chegar a 8,2% em dezembro, o que mudaria o cenário previsto. "Se isso acontecer, com menor renda disponível e ambiente pessimista para compras de fim de ano, o crescimento do varejo será de 7,6%."

A inadimplência de pessoas físicas, segundo dados do Banco Central, ficou em 7,9% em agosto, considerando pagamentos com atrasos acima de 90 dias. Um ano antes, estava em 6,8%. A pesquisa do Provar apontou também que a renda disponível dos consumidores para novos gastos vem diminuindo, chegando a apenas 9,4% no atual trimestre, contra 12,3% no anterior. Já a renda familiar comprometida com crediários alcançou 18,9%.