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Usinas indianas de açúcar em dificuldade buscam alívio no etanol

Rajendra Jadhav

Da Reuters, em Mumbai

15/10/2013 13h36

Usinas indianas de açúcar em dificuldades financeiras estão buscando aumentar o faturamento com a produção de etanol de cana, à medida que o governo aumenta a pressão sobre os revendedores de combustíveis para reduzir importações de petróleo com a mistura do biocombustível na gasolina.

Ao contrário do Brasil, em que é comum que as usinas aumentem a produção de etanol ou açúcar de acordo com os preços mais atraentes, a Índia ainda está começando a implantar sua indústria de biocombustíveis.

O governo indiano busca maneiras de cortar seus custos com petróleo em cerca de US$ 20 bilhões (R$ 43,69 bilhões), em meio a uma batalha contra um déficit recorde na conta corrente. O país pode economizar cerca de US$ 1 bilhão (R$ 2,19) por ano em gastos com importações de petróleo se as empresas do setor atingirem a meta de 5% de mistura de etanol na gasolina - no Brasil, a mistura obrigatória é de 25% de etanol na gasolina.

Se a Índia atingir sua meta em 2013 e 2014, será a primeira vez que isso ocorrerá desde a introdução do sistema há mais de seis anos. Isso poderá elevar os rendimentos das usinas endividadas do maior produtor mundial de açúcar depois do Brasil e ajudar a evitar o ciclo de excesso e escassez no plantio indiano de cana.

Com as usinas indianas produzindo etanol a partir do melaço, um resíduo da produção do açúcar, a redução das variações na produção de cana também garantiria uma produção mais estável de açúcar. Isso daria uma maior estabilidade aos preços globais do açúcar, com a Índia menos propensa a precisar importar açúcar.

Desentendimentos entre as usinas e as empresas de petróleo sobre a definição do preço têm, no entanto, atrasado o progresso do ambicioso programa de mistura de etanol, lançado em 2006. O programa tenta imitar a já desenvolvida indústria de biocombustíveis do Brasil.

Etanol fica mais atraente com o aumento do preço da importação de petróleo

Petroleiras estatais como a Indian Oil Corp Ltd, a Hindustan Petroleum Corp e a Bharat Petroleum Corp têm sido mais receptivas aos preços pedidos pelas usinas desde que a rupia caiu para valores recordes em agosto, aumentando os custos de importação de petróleo bruto. Essas empresas importam petróleo para produzir produtos refinados como diesel e gasolina.

"As empresas de petróleo não veem problemas em pagar mais pelo etanol (do que no ano passado), já que elas estão comprando petróleo importado a preços muito mais altos por conta da fraqueza da rupia", disse Deepak Desai, consultor chefe da Ethanol India, uma empresa privada que ajuda a montar unidades de produção de etanol.

As usinas forneceram etanol a cerca de 38 rupias por litro na última licitação, com a gasolina custando 46 rupias por litro.

Um programa bem sucedido de mistura de etanol pode enfraquecer o ciclo indiano de excesso e escassez ao gerar uma demanda estável por cana, disse o presidente da Associação de Comerciantes de Açúcar de Mumbai, Ashok Jain.

Participantes do mercado estimam também que a mistura de etanol na gasolina tem espaço para crescer além dos 5%, comparando com a mistura obrigatória no Brasil, que é cinco vezes maior

Por outro lado, um aumento no percentual da mistura para acima de 10% parece improvável no curto-prazo, porque exigiria modificações nos motores dos automóveis.

Além disso, há também o fato de que qualquer fortalecimento da rupia pode tornar a mistura menos atraente, uma vez que o petróleo bruto importado ficaria mais barato novamente.