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Ministério da Fazenda nega que Levy tenha pedido demissão

Charles Sholl/Futura Press/Estadão Conteúdo
Imagem: Charles Sholl/Futura Press/Estadão Conteúdo

Marcela Ayres

16/10/2015 19h45Atualizada em 16/10/2015 19h52

BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, não pediu demissão do posto e não escreveu carta neste sentido, afirmou a assessoria de imprensa do Ministério nesta sexta-feira, após relatos na mídia de que Levy iria entregar o cargo em meio à insatisfação com a falta de apoio para a condução do ajuste fiscal.

Durante a tarde, Levy participou de reunião da Junta Orçamentária do governo no Palácio da Alvorada, com os ministros da Casa Civil, Jaques Wagner, e do Planejamento, Nelson Barbosa.

Mais cedo, a coluna Radar, da revista Veja, publicou em seu site que Levy teria preparado uma carta de demissão para apresentá-la nesta sexta-feira à presidente Dilma Rousseff, diante da insistência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em fritá-lo, e da falta de empenho do governo em aprovar a CPMF.

Após a reunião, a mesma coluna trouxe que Levy não teria entregado a carta.

Falando a jornalistas no comitê de imprensa da Fazenda, a assessoria da pasta informou no início da noite que Levy "continua trabalhando e se esforçando pelo futuro do país".

Questionado por jornalistas ao sair do prédio da Fazenda, Levy não comentou o assunto.

Nesta semana, o ministro fez uma defesa contundente da necessidade de um Orçamento robusto para 2016, completando que a não aprovação da CPMF poderia implicar corte de benefícios sociais como o seguro desemprego diante da fraqueza econômica e queda na arrecadação.

Segundo uma fonte do governo, que pediu anonimato, Levy está bastante irritado com as críticas de Lula e do PT de que sua política econômica é muito ortodoxa e focada na questão fiscal, sem um discurso mais positivo.

"Ele (Levy) está contrariado com as declarações do presidente Lula, mas não falou em pedir demissão", afirmou a fonte do governo, que disse ter conversado com o ministro nesta sexta-feira.

Na véspera, o relator da proposta de Orçamento para 2016, deputado Ricardo Barros (PP-PR), disse que não irá incluir a previsão de arrecadação da CPMF em seu texto por considerar sua aprovação incerta.

A volta da contribuição sobre movimentações financeiras é o principal pilar de um novo pacote de medidas fiscais anunciado pelo governo em setembro para reafirmar seu compromisso com um superávit equivalente a 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano que vem, após enviar ao Congresso uma proposta prevendo inédito déficit nas contas públicas --movimento que custou ao país a perda do grau de investimento pela agência de classificação de risco Standard & Poor's.

Nos moldes previstos pelo Executivo, a CPMF garantiria R$ 32 bilhões aos cofres da União em 2016.

(Reportagem adicional de Lisandra Paraguassu e Alonso Soto)