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Porto do Açu inaugura terminais sem a presença do idealizador Eike Batista

18.jan.12 - Um dos terminais do complexo do Porto do Açu, em São João da Barra, no norte do Rio de Janeiro - Rafael Andrade/Folhapress
18.jan.12 - Um dos terminais do complexo do Porto do Açu, em São João da Barra, no norte do Rio de Janeiro Imagem: Rafael Andrade/Folhapress

Por Jeb Blount

08/06/2016 18h56

SÃO JOÃO DA BARRA, Brasil, 8 Jun (Reuters) - O lançamento esta semana de três novos terminais no Porto do Açu, propriedade da Prumo Logística (ex-LLX), avaliado em US$ 3,7 bilhões e considerado o maior da América Latina em área, marcou o renascimento de um centro de logística brasileiro que muitos consideravam condenado quando o império do empresário Eike Batista entrou em colapso.

Os mais de 25 km de docas, píeres e quebra-mares são muito necessários para reduzir o gargalo de infraestrutura da maior economia da América Latina.

O complexo industrial do tamanho de Manhattan instalado no nordeste do Rio de Janeiro, que concluiu sua primeira fase de implantação na terça-feira (7), permanece distante dos planos esboçados por Eike Batista antes de seu império industrial EBX, avaliado em US$ 60 bilhões, desaparecer quase do dia para noite em 2013.

Maior parte do porto está sem uso

Embora Eike tenha visualizado um centro de estaleiros, usinas de aço e fábricas de carros elétricos, boa parte do complexo gigante permanece uma tranquila área de dunas e pântanos povoada por pássaros.

Eike cedeu o controle de Açu três anos atrás para a EIG Energy Partners, sediada em Washington, em troca da promessa de investimentos de US$ 562 milhões no porto inacabado.

"Açu está indo bem porque o porto foi baseado em ideias sólidas", disse José Magela, presidente-executivo da Prumo, empresa controlada pela EIG, com participação de 74%.

Até o momento, Açu têm sido mais atrativo para o setor de petróleo. A cerca de 240 km a nordeste do Rio de Janeiro, o porto está perto de águas responsáveis por 80% da produção de petróleo do Brasil. O setor petroleiro corresponde a mais de 10% do PIB (Produto Interno do Bruto) do país.

Transporte de petróleo

Na terça-feira, a Prumo abriu o primeiro terminal independente de petróleo em parceria com a alemã Oiltanking GmbH.

O terminal pode transferir até 1,2 milhão de barris por dia de navios carregados em campos marítimos para cargueiros de longa distância. A Shell tem um contrato para transferir até 300 mil barris por dia de sua crescente produção no Brasil no terminal, disse a Prumo.

Um novo terminal marítimo de diesel administrado pela britânica BP acabou de vender seu primeiro combustível para navios que estão trabalhando em campos de águas profundas próximos. As docas gerais de carga da Prumo exportam bauxita para o conglomerado industrial brasileiro Votorantim Participações.

A empresa de serviços de petróleo Edison Chouest, sediada na Louisiana, espera concluir sua maior base de oferta de petróleo fora dos Estados Unidos em Açu em 2017.

Porto é 'tábua da salvação'

Para o governo do Brasil, que está lutando contra a pior recessão em décadas, o porto é uma tábua de salvação. Mais de uma década de investimentos em infraestrutura liderados pelo Estado não conseguiu tornar as exportações competitivas.

O governo interino do presidente Michel Temer conta com investimentos privados para ressuscitar o setor petroleiro, que enfrenta dificuldades com os preços baixos do petróleo.

"O governo sinalizou uma nova fase de integração no setor privado", disse o ministro dos Transportes, Mauricio Quintella. "Todos conhecem as restrições de orçamento que o Brasil enfrenta."

Ausência de Eike

Dentre as quase 200 autoridades, investidores, políticos e executivos que compareceram à cerimônia de inauguração dos novos terminais, uma pessoa estava claramente ausente: Eike.

Quando questionados sobre o envio de um convite a Eike, que perdeu a maior fortuna pessoal do Brasil quando atrasos em projetos e grandes apostas afundaram seu extenso império em dívidas, os executivos da Prumo deram de ombros. "Eu não sei", disse o presidente-executivo, José Magela.

Eike foi proibido de administrar empresas de capital aberto por cinco anos pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) por conflitos de interesses em sua petroleira OGX.

Eucherio Rodrigues, que foi diretor financeiro da unidade de construção de navios de Eike, a OSX, por um breve período após seu pedido de falência, disse que a ausência do magnata era injusta.

"Açu foi uma ótima ideia e será um ótimo porto, mas o momento de Eike foi ruim e ele cometeu muitos erros", disse Rodrigues.