Câmbio e derivativos levam JBS a prejuízo de R$ 345 milhões no 4º trimestre
SÃO PAULO (Reuters) - Uma perda bilionária com derivativos financeiros e com efeitos de variações cambiais levaram a JBS a prejuízo no quatro trimestre, mas a maior processadora de carne do mundo seguiu reduzindo seu endividamento, enquanto busca fortalecer suas finanças após os efeitos do escândalo político disparado pelos executivos da família controladora.
A companhia anunciou nesta quarta-feira que teve prejuízo líquido de R$ 345 milhões de outubro a dezembro, ante lucro de R$ 708 milhões em igual período de 2016.
Operacionalmente, os resultados tiveram leve melhora. A receita líquida de R$ 42,7 bilhões representou alta de 2,7% ano a ano. Foi a mesma variação positiva do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado, a R$ 3,2 bilhões.
Mas a empresa computou um resultado financeiro líquido negativo de R$ 2,075 bilhões no trimestre, valor 131% superior ao resultado também negativo de um ano antes.
"O resultado de variações cambiais e do ajuste a valor justo de derivativos correspondeu a prejuízo de R$ 1,09 bilhão", explicou a JBS em seu relatório de resultados.
Em fevereiro, a JBS havia anunciado que uma revisão na sua política de gestão de riscos financeiros e de commodities. A empresa, que por anos foi bastante ativa em operações com os chamados derivativos financeiros, atribuía o movimento à necessidade de proteger os preços de seus ativos das variações cambiais e dos preços globais das commodities.
A JBS foi alvo de críticas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que detém cerca de 20% das ações da empresa, desde a prisão dos irmãos Wesley e Joesley Batista, em 2017, por acusações de uso de informação privilegiada para obter ganhos no mercado financeiro.
Para evitar um enfraquecimento acelerado de sua posição financeira, a holding controladora J&F se lançou numa política agressiva de vendas de ativos.
Isso ajudou a empresa a fechar 2017 com uma relação dívida líquida sobre Ebitda de 3,38 vezes, ante 4,16 vezes no fim de 2016. Em totais, a dívida líquida diminuiu de R$ 46,9 bilhões para R$ 45,3 bilhões.
Por unidade, a JBS Brasil teve um Ebitda negativo em R$ 309 milhões no quarto trimestre, ante resultado positivo de R$ 144 milhões um ano antes. A unidade, que teve margem negativa de 5,2% no quarto trimestre, foi a única das cinco áreas da companhia a apresentar Ebitda negativo nos três últimos meses de 2017.
No balanço, a empresa disse que o desempenho da JBS Brasil "foi impactado pela redução no número de animais processados...com manutenção da estrutura operacional da companhia, pela significativa piora do ciclo de couros durante 2017, mas que vem mostrando sinais de recuperação em 2018, e por despesas não recorrentes".
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