Planalto minimiza impacto no mercado de interferência na Petrobras
Apesar da perda de R$ 32 bilhões em valor de mercado sofrida hoje pela Petrobras na Bolsa de Valores, causada pela interferência do presidente Jair Bolsonaro que levou à suspensão do reajuste do diesel previsto para esta sexta, internamente o governo minimizou o impacto e a avaliação foi de que "segunda tudo se recupera".
De acordo com uma fonte palaciana, apesar do susto com a queda das ações da estatal na Bolsa, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, considerou que as oscilações são normais e que tudo estava "tranquilo".
Mais tarde, o próprio porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, previu uma recuperação da empresa depois de terça-feira, quando Bolsonaro irá se reunir com ministros e o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, para "conhecer" a política de reajuste da empresa e, segundo o próprio presidente, ser "convencido" sobre a necessidade do reajuste.
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"Nós vamos evoluir para retomarmos o voo de forma bastante sustentável a partir da próxima terça-feira, em decisões posteriores do governo", disse o porta-voz ao ser questionado sobre a avaliação do governo sobre as perdas da Petrobras.
Onyx foi quem levou a Bolsonaro a informação sobre a decisão da Petrobras de reajustar o diesel em 5,7%. Ao saber do aumento, de acordo com a fonte, Onyx demonstrou imediata preocupação com o impacto que teria frente ao risco de uma nova greve de caminhoneiros, e imediatamente foi ao gabinete conversar com o presidente.
Pouco depois, Bolsonaro telefonou ao presidente da Petrobras pedindo um reajuste menor, de apenas 1%. Castello Branco optou por cancelar o aumento previsto.
A decisão, tomada por Bolsonaro e Onyx, foi feita sem conversas com a equipe econômica. Ao ser perguntado se em algum momento depois da decisão o presidente falou com o ministro da Economia, Paulo Guedes, o porta-voz evitou responder.
"O presidente não me comentou se fez alguma conexão ou ligação com o ministro Paulo Guedes", respondeu.
Em viagem aos Estados Unidos, Guedes não se manifestou o dia inteiro. Uma fonte da equipe econômica classificou a decisão súbita de Bolsonaro como "preocupante".