Atividade econômica do Brasil cai mais do que o esperado em agosto, indicam dados do BC

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - A atividade econômica do Brasil teve contração maior do que a esperada em agosto frente ao mês anterior, mostrou nesta sexta-feira indicador do Banco Central que é considerado um sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), em dado que corrobora expectativa de um terceiro trimestre ruim, após o dado de julho ter surpreendido positivamente.

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), sinalizador do PIB, registrou queda de 0,77% em agosto na comparação com julho, segundo números dessazonalizados.

A leitura veio bem mais fraca que a expectativa em pesquisa da Reuters, de queda de 0,30% no mês, e representou piora acentuada ante a alta de 0,42% vista em julho --desempenho que foi ligeiramente revisado para baixo ante expansão de 0,44% informada inicialmente, mas ainda assim seguiu acima da alta de 0,3% estimada por economistas.

Além disso, o resultado de agosto marcou a contração mensal mais intensa desde maio, quando o IBC-Br despencou 1,85%.

Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o indicador teve alta de 1,28%, enquanto no acumulado em 12 meses passou a uma expansão de 2,82%, de acordo com números observados.

"Este é um dado geral mensal fraco, em linha com a mensagem dos números de atividade recentes", avaliou Andres Abadia, economista-chefe para América Latina da Pantheon Macroeconomics.

"Condições financeiras mais restritivas, o afrouxamento da dinâmica laboral e a desaceleração do setor do agronegócio -- que teve um desempenho sólido no primeiro semestre -- são as principais razões para o recente arrefecimento econômico."

Leituras referentes a agosto divulgadas recentemente pelo IBGE mostraram que o volume de serviços do Brasil teve queda forte e inesperada de 0,9%, enquanto as vendas no varejo recuaram 0,2%. A produção da indústria cresceu 0,4% no período, mas sem conseguir recuperar totalmente as perdas do mês anterior.

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Os sinais de piora econômica vêm após dados do PIB do IBGE referentes aos dois primeiros trimestres do ano terem vindo bem acima do esperado pelo mercado. Mas a expectativa sempre foi de que haveria arrefecimento a partir da segunda metade de 2023, conforme a economia sente os efeitos defasados da política monetária contracionista do Banco Central.

O próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, previu em entrevista à Reuters nesta semana "um terceiro trimestre muito ruim", com o cenário doméstico sendo agravado pelo exterior mais arisco, diante de taxas de juro de longo prazo mais elevadas nos Estados Unidos e os recentes conflitos entre Israel e Palestina.

O Comitê de Política Monetária já cortou a taxa Selic em 1 ponto percentual no acumulado de suas duas últimas reuniões, mas, em 12,75%, os juros básicos continuam muito restritivos à atividade, e devem permanecer em patamar contracionista por um bom tempo, mesmo com o atual ciclo de afrouxamento monetário.

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