Brasil tem pior seca desde 1950, governo não vê riscos para geração de energia
SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil enfrenta neste ano a pior seca desde 1950, segundo análise do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Apesar disso, o governo não vê riscos para a geração de eletricidade, a maior parte ainda vinda de hidrelétricas com reservatórios mais baixos, já que medidas estão sendo tomadas, como o acionamento de termelétricas, disse nesta quinta-feira o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin.
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As áreas com alguma condição de seca atingem, somadas, cerca de 5 milhões de km², o que equivale a cerca de 58% de todo o território nacional, apontou o órgão.
O monitoramento mostra que, em agosto, 3.978 dos cerca de 5.500 municípios do país registravam algum grau de seca, sendo que 201 encontravam-se em condição de seca extrema. A previsão é de que o número suba para 4.583, com 232 em seca severa em setembro.
Segundo Ana Paula Cunha, pesquisadora e especialista em secas do Cemaden, há perspectiva de atraso no início da estação chuvosa.
A situação é especialmente severa na região Norte, onde rios da Bacia do Amazonas bateram níveis mínimos históricos nesta semana, segundo o Serviço Geológico do Brasil (SGB).
O rio Madeira atingiu nesta semana a cota mínima histórica de 1,02 m, o que levou à paralisação parcial das operações da usina de Santo Antônio, uma das maiores hidrelétricas do país.
A estiagem, que ocorre após um 2023 também marcado por severa seca no Norte e uma série de ondas de calor fora de época, impacta vários setores econômicos, da geração de energia elétrica à navegação e produção do agronegócio.
No caso do setor de energia, o governo tem se mobilizado para preservar os reservatórios das usinas hidrelétricas durante o período seco, principalmente por meio do acionamento de cada vez mais termelétricas, o que elevou o custo da energia aos consumidores.
Apesar disso, o governo não enxerga risco de falta de energia, disse nesta quinta-feira o vice-presidente Alckmin.
Participando de coletiva de imprensa da Anfavea, associação que representa a indústria automotiva, Alckmin observou que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) já tem acionado o parque termelétrico.
Ele citou ainda a crise hídrica em São Paulo em 2013-2014, época em que era governador do Estado, afirmando que não houve necessidade de racionamento na ocasião.
(Por Alberto Alerigi Jr e Letícia Fucuchima)