José Paulo Kupfer

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Reportagem

Resistência a novo IR é capítulo da luta contra redistribuição de renda

A implementação das novas regras para o Imposto de Renda deve contribuir para a correção do nível de desigualdade no Brasil, mas também traz mil problemas para serem discutidos, afirmou o colunista José Paulo Kupfer no Análise da Notícia, do Canal UOL, nesta quarta-feira (4).

É evidente que, em termos de distribuição de renda e, portanto, de correção de algum nível de desigualdade, a medida [do governo] faz sentido. Mas, daí para frente, temos mil problemas a serem discutidos. E tem um pequeno sentido na crítica da Faria Lima. José Paulo Kupfer, colunista do UOL

A reforma do Imposto de Renda proposta pelo governo Lula impõe cobrança de 10% a quem ganha R$ 1,2 milhão por ano ou mais. Quem ganha até R$ 600 mil/ano está fora dessa cobrança adicional. A alíquota extra foi criada para compensar a perda de R$ 35 bilhões de arrecadação com a isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil, também proposta pelo governo.

Ambas as propostas — a isenção estendida e a alíquota adicional — precisam ser aprovadas pelo Congresso em 2025 para que possam valer a partir de 2026. Antes, porém, Câmara e Senado devem aprovar as medidas apresentadas pelo ministro Fernando Haddad: o corte de despesas governamentais.

O pacote de cortes ou de redução do ritmo dos gastos e enfia uma isenção gigante no mesmo balaio. Eu não consigo entender as críticas de que os cortes e a isenção não deveriam ser apresentados em conjunto porque, afinal, são projetos distintos, que tramitarão separados. Sobre a isenção do IR, também não faz sentido acusá-la de populista porque busca compensar a perda de receita. Mas o que foi proposto foi uma gambiarra cheia de problemas. Eu, sinceramente, acho que era muito melhor uma proposta de reforma tributária da renda estruturada… -

Depende de onde de fato vão ser feitos os cortes, de onde essa gambiarra vai parar. Vai ser uma verdadeira reforma do imposto de renda, uma reforma necessária porque no Imposto de Renda está o maior fator de desigualdade no país? A proposta do governo vai na direção correta, mas não vai ser essa reforma estrutural do Imposto de Renda...

No Brasil o sistema tributário é uma coisa escalafobética. Quem pode menos, quem tem menos capacidade contributiva, paga mais em termos proporcionais. Então, de fato, você isentar pessoal que ganha pouco mais de três salários mínimos deixa o povo da Faria Lima [mercado financeiro] nervoso.…
José Paulo Kupfer, colunista do UOL

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