Dólar recua após dados de emprego dos EUA fomentarem apostas de corte grande de juros pelo Fed

Por Fernando Cardoso

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar recuava frente ao real nesta sexta-feira, em linha com a fraqueza da moeda norte-americana no exterior, à medida que investidores analisavam relatório de emprego de agosto dos Estados Unidos que fomentou expectativas de um corte grande de juros pelo Federal Reserve neste mês.

Às 9h43, o dólar à vista caía 0,57%, a 5,5407 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha variação negativa de 0,01%, a 5,586 reais na venda

Na quinta-feira, o dólar à vista fechou em baixa de 1,19%, cotado a 5,5726 reais.

Nesta manhã, os mercados globais voltavam todas as suas atenções para o relatório de criação de empregos fora do setor agrícola nos EUA, em busca de mais indícios sobre o estado do mercado de trabalho do país e sinais sobre os próximos passos do Fed em seu ciclo iminente de afrouxamento monetário.

Os números do Departamento de Trabalho mostraram que os empregadores norte-americanos criaram 142.000 postos de trabalho fora do setor agrícola em agosto, abaixo do esperado, ante 89.000 vagas criadas no mês anterior.

Analistas consultados pela Reuters projetavam a abertura de 160.000 empregos em agosto, ante a criação de 114.000 vagas relatadas anteriormente para julho.

A taxa de desemprego recuou para 4,2% no mês passado, de 4,3% em julho, em linha com o esperado.

O resultado se soma a dados fracos sobre o setor privado divulgados na véspera. O relatório da ADP de agosto havia mostrado a criação de 99,000 vagas de trabalho por empregadores privados, abaixo dos 145.000 esperados, fomentando temores de uma desaceleração mais forte na maior economia do mundo.

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Com isso, operadores elevavam suas apostas em um corte agressivo de juros pelo Fed em seu encontro de 17 e 18 de setembro, com 55% chances de uma redução de 50 pontos-base na taxa, de 43% antes dos dados e 30% há uma semana.

No mês passado, o chair do Fed, Jerome Powell, disse que "chegou a hora" de ajustar a política monetária do banco central dos EUA, acrescentando que as autoridades desejavam evitar um enfraquecimento adicional do mercado de trabalho.

Após os dados, os rendimentos dos Treasuries recuavam, tornando o dólar menos atrativo para investimentos, o que fortalecia seus pares fortes e emergentes.

O rendimento do Treasury de dois anos--que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo-- tinha queda de 9 pontos-base, a 3,665%.

O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,25%, a 100,790.

A moeda norte-americana recuava ante o peso mexicano, o rand sul-africano e o peso chileno.

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No cenário nacional, a queda do dólar ainda era impulsionada pela perspectiva de que, na contramão do Fed, o Banco Central deve elevar a Selic na reunião deste mês, em meio à desancoragem das expectativas de inflação em um cenário de atividade econômica aquecida e de um mercado de trabalho apertado.

"A economia norte-americana cortando os juros e no Brasil subindo, o real deve ter uma atratividade um pouco maior justamente para aqueles investidores que são menos sensíveis aos ativos de risco ou principalmente das economias emergentes e que preveem um retorno maior sobre as taxas de juros", disse Marcio Riauba, gerente da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio.

Operadores colocavam uma probabilidade de 97% de o Copom elevar a taxa de juros, agora em 10,50% ano, em 25 pontos-base em sua reunião de 17 e 18 de setembro.

Quanto maior o diferencial de juros entre Brasil e EUA, melhor para o real, que se torna mais atrativo para investimentos estrangeiros.

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