Dólar volta a subir ante o real com mercado de olho no Oriente Médio

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou a quinta-feira em alta no Brasil, acompanhando o avanço firme da moeda norte-americana no exterior, com os investidores em busca de ativos mais seguros em função do acirramento do conflito no Oriente Médio.

O dólar à vista fechou em alta de 0,52%, cotado a 5,4738 reais. No ano, a divisa norte-americana acumula elevação de 12,82% ante o real.

Às 17h06, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,52%, a 5,4910 reais na venda.

Na quarta-feira a divisa dos EUA à vista havia cedido ante o real, na esteira da decisão da agência Moody’s, que elevou a nota de crédito do Brasil. Nesta quinta-feira, porém, o “efeito Moody’s” se dissipou e o mercado de câmbio brasileiro operou mais em sintonia com o exterior.

Lá fora, o dólar subia ante a maioria das demais divisas, com investidores em busca da segurança da moeda norte-americana em função da escalada do conflito no Oriente Médio. Israel atacou nesta quinta-feira o coração de Beirute, capital do Líbano. Além disso, emitiu alerta para os moradores de mais de 20 vilarejos do sul do Líbano deixassem suas casas imediatamente.

O dólar também era favorecido por dados fortes do setor de serviços dos Estados Unidos, reforçando previsões de um corte de 0,25 ponto percentual nos juros pelo Federal Reserve em novembro, um ajuste menor do que em setembro.

Neste cenário, no Brasil o dólar à vista oscilou em alta durante quase toda a sessão, entre a cotação mínima de 5,4425 reais (-0,06%) às 9h01, logo após a abertura, e a máxima de 5,5124 reais (+1,23%) às 11h24.

“Tivemos hoje no câmbio a influência da instabilidade no Oriente Médio, com o DXY (índice do dólar) subindo. Quando o mundo sente medo, ele corre para o dólar”, comentou Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos.

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“Tivemos ainda a divulgação de dados fiscais no Brasil, o que também sustentou a alta do dólar ante o real”, acrescentou.

Os dados divulgados pela manhã pelo Tesouro vieram dentro do esperado, mas continuaram demonstrando um cenário fiscal de dificuldades. O governo central -- que reúne Tesouro, Banco Central e Previdência Social -- registrou déficit primário de 22,404 bilhões de reais em agosto, ante um saldo negativo de 26,730 bilhões de reais no mesmo mês do ano passado.

No acumulado dos oito primeiros meses do ano, o governo central acumulou um déficit primário de 99,997 bilhões de reais, 9,1% menor que o observado no mesmo período de 2023. Em 12 meses as contas do governo central acumulam déficit de 227,5 bilhões de reais, o equivalente a 1,98% do Produto Interno Bruto (PIB).

No exterior, o dólar seguia em alta ante a maior parte das demais divisas no fim da tarde. Às 17h27 o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,31%, a 101,960.

Pela manhã, o BC vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 1º de novembro de 2024.

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