CEO da Vale quer acelerar atividades, com mais produção e melhor comunicação, dizem analistas
Por Marta Nogueira e Andre Romani
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - O novo presidente-executivo da Vale, Gustavo Pimenta, buscará acelerar a estratégia da companhia, tendo como alguns dos principais focos recuperar capacidade de produção perdida de minério de ferro e melhorar a comunicação da companhia com autoridades e população brasileira em geral.
Tais mensagens foram passadas pelo executivo nesta quarta-feira, em sua primeira reunião com analistas de mercado, após ter iniciado seu mandato no início do mês, segundo relatórios de alguns bancos, enviados a clientes.
"Não ouvimos nada que pudesse mudar a tese de investimento. As mudanças mais notáveis parecem ser acelerar a estratégia comercial em minério de ferro em direção a produtos de maior qualidade... e um impulso mais forte na eficiência/produtividade; e melhor comunicação sobre os benefícios da Vale para o Brasil, para autoridades e população em geral", afirmaram analistas do Citi, em relatório.
O banco destacou que Pimenta deseja expandir a produção de minério de ferro para 340 milhões a 360 milhões de toneladas por ano -- ante a previsão de entre 323 milhões e 330 milhões de toneladas para 2024 -- sem informar um prazo. A companhia, segundo o Citi, reconhece uma desacaleração da demanda chinesa pelo minério de ferro, mas que observa crescimento potencial da Índia e do Sudeste Asiático.
Na véspera, a companhia anunciou a saída de Marcello Spinelli do cargo de vice-presidente executivo de Soluções de Minério de Ferro, a primeira grande mudança na diretoria sob o comando do novo presidente-executivo.
No lugar de Spinelli, em caráter interino, ficará o atual diretor de Desenvolvimento de Produtos e Negócios da companhia, Rogério Nogueira, que assumiu a posição nesta quarta-feira e permanece até 31 de dezembro.
A escolha de Nogueira, segundo o Citi, reconhece "seu profundo conhecimento técnico e necessidade de estar cada vez mais próximo dos clientes". A Vale tem sentido uma demanda futura cada vez mais forte por produtos aglomerados e trabalha para atender expectativas do mercado relacionadas a mistura correta do minério, segundo o banco.
Nesse cenário, a companhia ainda enfrenta desafios operacionais após o rompimento de barragens em Minas Gerais, com exigências mais elevadas relacionadas à segurança e também à necessidade de migrar para outros processos que lidam com rejeitos do processamento de minério de ferro como alternativa às barragens.
"Os projetos que a Vale está trazendo para atingir a capacidade alvo de 350 milhões de toneladas vêm com uma intensidade de Capex muito baixa... pois são projetos existentes sendo recuperados e que já são atendidos por soluções de logística", disseram analistas do JP Morgan, em relatório.
"Os volumes adicionados também aumentarão a qualidade do portfólio geral de produtos da Vale."
Relatório do Santander também destacou que Pimenta quer reduzir custos, com o custo de caixa C1 abaixo de 20 dólares por tonelada, e aumentar a eficiência organizacional, investindo em novas tecnologias para aumentar a produtividade sem comprometer a segurança.
COMUNICAÇÃO E METAIS BÁSICOS
Os analistas destacaram ainda que a Vale planeja melhorar sua comunicação com autoridades e sociedade em geral.
"A agenda institucional é muito importante. A diretoria sente que há uma oportunidade de melhorar as comunicações com as partes interessadas, particularmente com o governo, para que todas as partes saibam o que a Vale está fazendo", afirmaram analistas do JP Morgan.
"Não se trata de fazer algo diferente ou além do que está sendo feito. Trata-se de comunicar melhor e conduzir uma agenda positiva com as partes interessadas. Esta é uma fruta fácil de colher para a diretoria com impacto potencial substancial para a Vale."
Do lado de metais básicos, os analistas apontaram que Pimenta buscará aumentar sua atuação em metais básicos, com maior destaque para o cobre, cuja produção poderá atingir 500 mil toneladas até 2028.
(Por Marta Nogueira e André Romani)
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