Ministros das Finanças do G20 veem "boas perspectivas" para pouso suave global, mostra esboço de comunicado

Por Marcela Ayres

WASHINGTON (Reuters) - Os ministros das Finanças dos países do G20 veem "boas perspectivas" de um pouso suave para a economia global e se comprometeram a resistir ao protecionismo, de acordo com um esboço de comunicado visto pela Reuters antes da reunião do grupo nesta semana.

O documento, que, segundo uma fonte, ainda pode ser revisado, chega no momento em que ministros das Finanças do mundo todo se reúnem esta semana em Washington para as reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, em meio à crescente confiança de que os bancos centrais, incluindo o Federal Reserve, conseguiram conter a inflação sem prejudicar o crescimento ou o emprego.

Mas isso também reflete preocupações palpáveis de que esse cenário promissor pode ser derrubado se uma guerra comercial global estourar caso Donald Trump seja eleito presidente dos EUA em menos de duas semanas.

"Observamos boas perspectivas de um pouso suave da economia global, embora vários desafios permaneçam", diz o esboço que a Reuters teve acesso antes da conclusão da reunião dos ministros, na quinta-feira, à margem das reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial.

"Estamos tranquilizados pelo fato de que a atividade econômica provou ser mais resistente do que o esperado em muitas partes do mundo", diz o esboço. "Ainda assim, o crescimento tem sido altamente desigual entre os países, contribuindo para o risco de divergência econômica."

Os ministros elogiaram as "políticas monetárias bem calibradas" dos bancos centrais, que mantiveram a inflação sob controle e permitiram uma mudança global para taxas de juros mais baixas.

GUERRA COMERCIAL

Ainda assim, continuam a existir preocupações em torno das perspectivas, incluindo estimativas de médio e longo prazo para o crescimento global que estão abaixo dos níveis históricos de tendência. Liderando a lista de preocupações está a perspectiva de conflitos comerciais globais caso Trump, que se comprometeu a impor uma tarifa global de 10% sobre todos os produtos importados para os EUA e uma taxa de 60% sobre as importações da China, vença a eleição de 5 de novembro.

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"Comprometemo-nos a resistir ao protecionismo e a incentivar esforços conjuntos para apoiar um sistema de comércio multilateral baseado em regras, não discriminatório, justo, aberto, inclusivo, equitativo, sustentável e transparente, com a Organização Mundial do Comércio (OMC) em seu núcleo e continuar apoiando os esforços de reforma da organização por seus membros."

O ministro da Fazenda brasileiro, Fernando Haddad, expressou confiança de que os líderes financeiros do G20 aprovarão uma declaração conjunta, refletindo o consenso em suas discussões, depois de fazê-lo com sucesso em sua última reunião em julho.

O esboço do comunicado manteve a linguagem acordada em julho com relação ao compromisso do grupo com a transparência fiscal e com a promoção do diálogo global sobre a tributação efetiva, inclusive de "indivíduos de patrimônio líquido ultra-alto".

Embora o compromisso não chegue a endossar um imposto global sobre bilionários -- uma ideia introduzida pela presidência brasileira do G20 -- ele foi visto como uma vitória pela delegação brasileira por manter a questão na agenda e fortalecer politicamente quaisquer propostas que os países individuais possam apresentar, disseram duas fontes à Reuters.

No entanto, ambas as fontes reconheceram que o verdadeiro desafio virá na cúpula dos líderes no próximo mês, uma vez que uma possível vitória de Trump pode levar aqueles que se opuseram privadamente à proposta a se posicionarem publicamente contra a necessidade de uma tributação mais progressiva sobre os bilionários, incluindo o argentino Javier Milei.

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