Taxas futuras de juros curtas cedem e longas sobem no Brasil em dia de novos receios com tarifas de Trump
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs de curto prazo fecharam esta quarta-feira em leve baixa, enquanto as longas tiveram ganhos firmes, em um dia de certa aversão ao risco no exterior após o presidente eleito Donald Trump reavivar o medo das tarifas de importação, em um contexto de preocupações com a dívida norte-americana.
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No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para julho de 2025 -- um dos mais líquidos no curtíssimo prazo -- estava em 14%, ante o ajuste de 14,038% da sessão anterior. Já a taxa do contrato para janeiro de 2026 marcava 14,98%, em baixa de 5 pontos-base ante o ajuste de 15,027%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 15,01%, ante 14,919% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 14,8%, em alta de 12 pontos-base ante 14,681%.
As taxas curtas se mantiveram em baixa durante a maior parte da sessão, com investidores dando continuidade ao movimento mais recente de ajustes, após a forte elevação no fim de 2024.
A retirada de parte do excesso de prêmios na ponta curta fez com que a curva brasileira passasse a precificar perto do fechamento desta quarta-feira 66% de probabilidade de elevação de 100 pontos-base da taxa Selic no fim deste mês, contra 34% de chance de aumento de 125 pontos-base. Na véspera os percentuais eram de 57% e 43%, respectivamente. Atualmente a Selic está em 12,25% ao ano.
Entre os contratos mais longos, porém, as taxas se mantiveram mais próximas da estabilidade ao longo do dia, acelerando altas na reta final sob influência do exterior.
Lá fora, o dólar voltou a ganhar impulso após notícia da CNN de que Trump está considerando declarar emergência econômica nacional nos EUA para justificar legalmente a imposição de uma grande quantidade de tarifas de importação sobre países aliados e adversários.
A possível medida de Trump era um fator de sustentação dos rendimentos dos Treasuries, assim como os temores em relação à dívida norte-americana.
A atual secretária do Tesouro, Janet Yellen, elevou as vendas de títulos com vencimento em um ano ou menos, em meio à forte demanda do mercado. Mas isso fez com que a parcela dos títulos ficasse acima dos níveis recomendados para a dívida total em aberto -- uma situação que provavelmente precisará ser enfrentada pelo indicado por Trump para chefiar o Tesouro dos EUA, Scott Bessent.
Na reta final da sessão, a ata da reunião mais recente do Federal Reserve mostrou que as autoridades viram um risco crescente de que as pressões sobre os preços permaneçam rígidas nos EUA, em função das políticas esperadas do novo governo Trump. Com isso, os yields encontraram mais um suporte, assim como as taxas longas dos DIs.
Às 16h57, o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- subia 1 ponto-base, a 4,697%, enquanto o retorno do papel de 30 anos avançava 3 pontos-base, a 4,937%.