Petrobras pode iniciar produção de nova plataforma em Búzios até a próxima semana, diz diretora

Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras poderá iniciar até semana que vem a produção da plataforma do tipo FPSO Almirante Tamandaré, no campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos, disse nesta quinta-feira a diretora de Exploração e Produção da petroleira, Sylvia dos Anjos.

A unidade estava prevista para entrar em operação no fim de 2024 ou início de 2025, segundo declarações anteriores de executivos da companhia.

"(Está) muito próximo (de começar a produzir). Quem sabe até a semana que vem", disse ela a jornalistas em evento no Rio de Janeiro.

O FPSO Almirante Tamandaré tem potencial para produzir até 225 mil barris de óleo (bpd) e processar 12 milhões de metros cúbicos de gás por dia. A plataforma foi feita em um estaleiro na China e chegou ao país no ano passado.

Búzios é atualmente o segundo maior campo produtor do Brasil, atrás apenas do campo de Tupi, que já está em declínio. O navio plataforma vai se juntar às outras cinco plataformas em operação no campo: FPSOs P-74, P-75, P-76, P-77 e Almirante Barroso.

"(Almirante Tamandaré) é a maior plataforma do Brasil e da América Latina", adicionou Anjos, ao destacar que a produção da unidade vai crescer gradativamente, até atingir toda sua capacidade.

As declarações de Anjos ocorreram durante cerimônia da Petrobras com o Serviço Geológico do Brasil para a assinatura de um termo de cooperação para revitalização do Museu de Ciências da Terra e construção do Centro Científico e Cultural da Urca.

MARGEM EQUATORIAL

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Sobre exploração de novas fronteiras de óleo e gás, a diretora de Exploração e Produção da Petrobras afirmou ter expectativas de que a companhia tenha um aval do órgão ambiental federal Ibama para avançar com a exploração na Bacia da Foz do Rio Amazonas, em águas ultraprofundas do Amapá, ainda no primeiro trimestre deste ano.

A região do litoral norte do Brasil tem grande potencial para descobertas de petróleo, mas também enormes desafios socioambientais. A indústria de petróleo tem enfrentado ao longo de anos forte resistência para perfurar a Foz do Amazonas em busca de novas reservas.

A Petrobras atualmente aguarda um retorno do Ibama sobre um pedido de reconsideração feito pela companhia em 2023, após o órgão ter negado uma licença de perfuração na área. O Ibama não tem um prazo definido para responder.

Anjos disse que a empresa espera concluir em fevereiro um centro de resgate, chamado de unidade de despetrolizaçao, na cidade de Oiapoque, no Amapá, atendendo a uma "última grande exigência" do Ibama para a concessão da licença.

"Estou esperando essa licença há dez anos, mas jamais vamos desistir. Temos uma ampla certeza que fazendo com segurança e preservação do ambiente, temos certeza que vamos operar sem riscos", afirmou dos Anjos. "Onde tem Petrobras, tem proteção do meio ambiente", adicionou.

No evento, a diretora frisou que a empresa tem como objetivo ampliar sua produção e suas reservas de petróleo e que a Margem Equatorial, região que vai do Rio Grande do Norte ao Amapá, tem papel fundamental no crescimento da oferta futura, sob pena de o país voltar a ser importador de petróleo em uma década.

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TRUMP

Anjos também respondeu perguntas sobre eventuais reflexos de declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tomou posse nesta semana prometendo aumentar a produção petróleo norte-americano e trabalhar para reduzir os preços da commodity.

Para a diretora, os discursos de Trump por ora não impactam os planos Petrobras.

"Nosso plano é muito robusto, centrais no Brasil, não vejo como interferir negativamente. Não vemos problema ou interferência aqui. Temos que esperar as coisas acontecerem. Tá todo mundo parando com a chegada do Trump, mas temos muito a fazer aqui", disse ela. "Se preço do petróleo cair é bom..., diminui o lucro (das empresas) mas é bom porque as pessoas vão ter gasolina mais em conta", completou.

(Por Rodrigo Viga Gaier)

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