Trump reverbera queixas de que BofA e JPMorgan negam serviços a conservadores

Por Lananh Nguyen e Ross Kerber

(Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou nesta quinta-feira os CEOs do Bank of America e do JPMorgan Chase de não prestarem serviços bancários para conservadores, repercutindo assim queixas de republicanos contra o sistema financeiro.

O ataque contra bancos de Wall Street ocorre no momento em que algumas instituições vêm sendo acusadas por parlamentares republicanos e por estados controlados pelo partido de desbancarizar fabricantes de armas, empresas de combustíveis fósseis e outras indústrias supostamente alinhadas à direita política.

Ambos os bancos que viraram alvo nesta quinta-feira negaram tomar decisões embasadas na política.

“Espero que vocês comecem a abrir seus bancos para os conservadores, porque muitos conservadores reclamam de que os bancos não estão permitindo que eles façam negócios dentro do banco, e isso inclui um lugar chamado Bank of America”, disse Trump, que voltou à Casa Branca na segunda-feira.

“O que vocês estão fazendo é errado”, disse, em discurso no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, por meio de vídeo. Trump não apresentou evidências durante uma sessão de perguntas e respostas com líderes corporativos e CEOs.

Ele também citou o CEO do JPMorgan, Jamie Dimon. “Você e o Jamie e todos, espero que abram seus bancos para os conservadores”, afirmou.

Nos últimos anos, várias instituições financeiras nos EUA e em outros lugares tentaram responder ao crescente interesse de investidores e clientes em assuntos como mudanças climáticas e diversidade na força de trabalho. Ao mesmo tempo, receberam reclamações de que estavam injustamente boicotando grupos conservadores com base em suas opiniões.

O CEO do Bank of America, Brian Moynihan, não falou sobre o tema em comentários ditos logo após a fala de Trump, mas sorriu e o cumprimentou pelo fato de os EUA sediarem a próxima Copa do Mundo.

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“Damos as boas-vindas aos conservadores”, afirmou, por email, um porta-voz do Bank of America. “Somos obrigados a seguir muitas regras governamentais e, às vezes, elas resultam em decisões que encerram relacionamentos com clientes. Nunca fechamos contas por motivos políticos, e não temos um teste de visão política.”

O JPMorgan, maior credor dos EUA, também disse nunca ter fechado uma única conta por motivação política.

“Seguimos a lei e a orientação de nossos reguladores, e dizemos há tempos que há problemas com a atual estrutura, algo que Washington precisa analisar. Saudamos a oportunidade de trabalhar com o novo governo e o Congresso em formas de remover a ambiguidade regulatória, mantendo a habilidade de nosso país de combater os crimes financeiros”, afirmou um porta-voz da empresa, por email.

Em 2022, o JPMorgan foi criticado por fechar a conta do Comitê Nacional para a Liberdade Religiosa, uma instituição sem fins lucrativos fundada pelo ex-embaixador norte-americano para a Liberdade Religiosa Internacional, Sam Brownback. Entre outras coisas, o banco disse que o comitê queria "informações confidenciais dos doadores" da organização, de acordo com uma carta de 2024 do procurador-geral do Kansas.

No ano passado, o JPMorgan ganhou pontos com grupos conservadores ao promover mudanças como a derrubada da exigência que usuários de seu serviço WePay não aceitassem pagamentos vinculados a riscos de racismo e assédio sexual.

A empresa também começou a usar linguajar que atende clientes "independentemente dos pontos de vista políticos, sociais ou religiosos".

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Os investidores mostram pouco apoio ao tema. No Bank of America, uma resolução de acionistas solicitando que a instituição informasse sobre os "riscos de desbancarização politizada" ganhou apoio de apenas 3% dos votos.

(Reportagem de Lananh Nguyen, Caitlin Webber e Katharine Jackson; reportagem adicional de Ross Kerber, Pete Schroeder, Nupur Anand, Heather Timmons e Isla Binnie; texto de Susan Heavey e Saeed Azhar)

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